Cientistas estudam tratamentos para a micose fungoide

A micose fungoide (MF) normalmente começa como áreas planas e escamosas rosas ou vermelhas (manchas) no tronco, na parte superior das coxas ou nas nádegas. Nesse estágio, a expectativa de vida não é afetada. Conforme a doença se desenvolve, a expectativa de vida diminui.

As manchas podem se transformar em placas elevadas que coçam. As placas podem se tornar mais espessas, profundas e evoluir para tumores. Em casos raros, a doença se espalha para outros órgãos.

Existem muitos tratamentos para MF: estes têm como alvo áreas específicas do corpo (terapia local) ou todo o corpo (terapia sistêmica). Os tratamentos incluem cremes, pomadas, medicamentos orais ou injetáveis, fototerapia, radioterapia (radiação que mata células cancerosas) e quimioterapia (medicamentos que matam células cancerosas).

Os autores do estudo fizeram a comparação dos benefícios e danos de diferentes tratamentos em adultos, em diferentes estágios da doença. Foram identificados 20 estudos publicados até maio de 2019.

Os estudos incluíram 1369 participantes, principalmente adultos do sexo masculino. A maioria durou de 4 semanas a 12 meses. Apenas cinco estudos investigaram os estágios finais da doença.

Todos foram instalados em centros de saúde especializados na Europa (12 estudos), América do Norte (11 estudos), Austrália (três estudos), Brasil e Japão (um estudo cada, centros satélites para estudos já listados). Os tratamentos foram comparados com outro tratamento (13 estudos), um tratamento inativo (placebo – cinco estudos) ou nenhum tratamento (dois estudos).

Cinco estudos não relataram seu financiamento. Onze estudos foram financiados por empresas farmacêuticas e quatro por instituições acadêmicas ou hospitais.

Objetivo da revisão dos estudos

A revisão comparou tratamentos para micose fungoide (também chamado de linfoma cutâneo de células T, síndrome de Alibert-Bazin ou granuloma fungoide).

Principais resultados

Não há como saber se os diferentes tratamentos para CM afetam a qualidade de vida. Poucos estudos avaliaram este resultado e não apresentaram dados utilizáveis.

Os efeitos indesejáveis ​​(adversos) variaram de sintomas leves a complicações graves com risco de vida. Tratamentos mais agressivos (como a quimioterapia) geralmente causam efeitos adversos mais graves.

PUVA (um tratamento de luz) é o primeiro tratamento usado para MF. Os resultados de cinco estudos forneceram evidências de baixa certeza.

Pode haver pouca ou nenhuma diferença entre dar PUVA sozinho e PUVA mais interferon-α (IFN-α) injetado (uma substância mensageira do sistema imunológico) por 24 a 52 semanas para fazer a doença desaparecer completamente. Nenhum estudo investigou eventos adversos nesses tratamentos ou desaparecimento de pelo menos 50% da doença.

Pode haver pouca ou nenhuma diferença entre um derivado oral da vitamina A (bexaroteno) mais PUVA e PUVA sozinho, para o desaparecimento completo ou pelo menos de 50% da doença (duração do tratamento: até 16 semanas). Sensibilidade extrema aos raios ultravioleta (UV) ocorreu em algumas pessoas que receberam bexaroteno e PUVA, mas não com o PUVA sozinho.

Pode haver pouca ou nenhuma diferença entre IFN-α mais PUVA e IFN-α mais acitretina (outro derivado oral da vitamina A), em sintomas semelhantes aos da gripe quando o tratamento é administrado por 48 semanas ou até o desaparecimento completo da doença. No entanto, pode haver uma taxa mais baixa de desaparecimento completo da doença com IFN-α mais acitretina. Nenhum estudo investigou o efeito no desaparecimento parcial.

Não está claro como o tratamento de manutenção com PUVA (para evitar que a doença reapareça após seu desaparecimento) se compara a nenhum tratamento de manutenção, uma vez que o único estudo disponível relatou informações muito limitadas.

Um pequeno ensaio (oito pessoas) comparou a fotoforese extracorpórea (ECP, uma terapia de luz) uma vez por mês por seis meses com PUVA duas vezes por semana por três meses. Ele relatou o desaparecimento completo ou pelo menos 50% de MF em alguns participantes tratados com PUVA e nenhum que recebeu ECP.

Efeitos colaterais comuns foram relatados com cada tratamento (PUVA pode estar associado a náuseas leves e ECP com hipotensão). No entanto, a evidência é de certeza muito baixa.

Conclusão dos autores

Não foi encontrada nenhuma evidência para desafiar ou apoiar o tratamento padrão (PUVA). Na ausência de cura, o tratamento da MF deve ser baseado no estágio da doença, com foco na limitação dos efeitos adversos graves.

Há uma falta de evidências de alta certeza para apoiar a tomada de decisão no tratamento de MF. Por causa da heterogeneidade substancial no projeto, dados ausentes, tamanhos de amostra e baixa qualidade metodológica, a segurança e eficácia comparativas dessas intervenções não podem ser estabelecidas de forma confiável com base nos RCTs incluídos.

O PUVA é comumente recomendado como tratamento de primeira linha para MF, contudo não há evidências que contestassem essa recomendação. Houve uma ausência de evidências para apoiar o uso de IFN-α ou bexaroteno intralesional em pessoas que receberam PUVA e uma ausência de evidências para apoiar o uso de acitretina ou ECP para o tratamento de MF.

Estudos futuros devem comparar a segurança e a eficácia dos tratamentos para PUVA, como o padrão atual de tratamento, também devem medir a qualidade de vida e os efeitos adversos comuns.

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O estudo original foi publicado na Cochrane Library

* “Interventions for mycosis fungoides” – 2020

Autores do estudo: Arash Valipour, Manuel Jäger, Peggy Wu, Jochen Schmitt, Charles Bunch, Tobias Weberschock – 10.1002/14651858.CD008946.pub3

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