Desenvolvido mosquitos que impedem a transmissão do vírus da dengue!

Uma equipe internacional de cientistas desenvolveram mosquitos sintéticos capazes de interromper com sucesso a transmissão do vírus da dengue. Liderada por biólogos da Universidade da Califórnia em San Diego, a equipe de pesquisa descreve detalhes da conquista dos mosquitos Aedes aegypti, os insetos que espalham a dengue nos seres humanos.

Eliminar a transmissão do vírus da dengue

Pesquisadores trabalharam na identificação de um anticorpo humano de amplo espectro para a supressão da dengue. O desenvolvimento marca a primeira abordagem projetada em mosquitos que tem como alvo os quatro tipos conhecidos de dengue, melhorando os projetos anteriores que tratavam de linhagens únicas.

Foi desenvolvido um anticorpo chamado de “carga” e injetado sinteticamente em fêmeas do mosquito Aedes aegypti, que tratou de espalhar o vírus normalmente.

“Quando o mosquito fêmea coleta sangue, o anticorpo é ativado e expresso – esse é o gatilho. O anticorpo é capaz de impedir a replicação do vírus e impedir sua disseminação por todo o mosquito, o que impede sua transmissão aos seres humanos. É uma abordagem poderosa”, disse o Dr Omar S. Akbari, da Divisão de Ciências Biológicas e membro do Instituto Tata de Genética e Sociedade da Califórnia, EUA.

Dr Akbari disse que os mosquitos manipulados podem ser facilmente emparelhados com um sistema de disseminação, como uma unidade genética baseada na tecnologia CRISPR / CAS-9, capaz de espalhar o anticorpo pelas populações selvagens de mosquitos transmissores de doenças.

“É fascinante que agora possamos transferir genes do sistema imunológico humano para conferir imunidade aos mosquitos. Este trabalho abre um novo campo de possibilidades de biotecnologia para interromper doenças transmitidas por mosquitos no homem”, disse o co-autor do estudo o Dr James Crowe Jr, diretor do Vanderbilt Vaccine Center em Nashville, Tennessee, EUA.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o vírus da dengue ameaça milhões de pessoas em climas tropicais e subtropicais, em especial no Brasil. A dengue é uma das principais causas de doenças graves e morte entre crianças em muitos países asiáticos e latino-americanos. A Organização Pan-Americana da Saúde relatou recentemente o maior número de casos de dengue já registrado nas Américas. Ao infectar pessoas com sistema imunológico comprometido, as vítimas de dengue sofrem sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo febre e erupções cutâneas graves. Casos graves podem incluir sangramento com risco de vida (dengue homorrágica). Atualmente, não existe um tratamento específico e, portanto, a prevenção e o controle dependem de medidas que impedem a propagação do vírus.

“Esse desenvolvimento significa que, em um futuro próximo, pode haver abordagens genéticas viáveis ​​para controlar o vírus da dengue em campo, o que poderia limitar o sofrimento e a mortalidade humana”, disse o Dr Akbari, cujo laboratório está agora nos estágios iniciais dos métodos de teste para neutralizar simultaneamente os mosquitos contra a dengue e um conjunto de outros vírus, como zika, febre amarela e chikungunya.

“Os mosquitos receberam a má reputação de serem os assassinos mais mortais do planeta porque são os mensageiros que transmitem doenças como malária, dengue, chikungunya, zika e febre amarela que coletivamente colocam em risco 6,5 bilhões de pessoas em todo o mundo. Até recentemente, o mundo focava em atirar (matar) esse mensageiro. O trabalho realizado neste estudo visa desarmar o mosquito, impedindo-o de transmitir doenças, sem matar o mensageiro. Este artigo mostra que é possível imunizar mosquitos e impedir sua capacidade de transmitir o vírus da dengue e potencialmente outros patógenos transmitidos por mosquitos”, disse o pesquisador Suresh Subramani, professor de biologia molecular na Universidade de San Diego e diretor global do Instituto Tata de Genética e Sociedade (TIGS), na Califórnia.

 

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O estudo foi publicado na revista científica PLOS Pathogens.

* “Broad dengue neutralization in mosquitoes expressing an engineered antibody” – 2020.

Autores do estudo: Anna Buchman, Stephanie Gamez, Ming Li, Igor Antoshechkin, Hsing-Han Li, Hsin-Wei Wang, Chun-Hong Chen, Melissa J. Klein, Jean-Bernard Duchemin, James E. Crowe Jr, Prasad N. Paradkar, Omar S. Akbari – 10.1371/journal.ppat.1008103

4Medic

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