Salbutamol para o tratamento da taquipneia em recém-nascidos
A taquipneia transitória (respiração anormalmente rápida) do recém-nascido é caracterizada por alta frequência respiratória (mais de 60 respirações por minuto) e sinais de dificuldade respiratória (dificuldade em respirar), normalmente aparece nas primeiras duas horas de vida em bebês nascidos com 34 semanas de idade gestacional ou após.
Embora a taquipneia transitória do recém-nascido geralmente melhore sem tratamento, está associada a síndromes de sibilância no final da infância.
A ideia por trás do uso de salbutamol para taquipneia transitória em recém-nascidos é baseada em estudos que mostram que medicamentos chamados β-agonistas, como a epinefrina (também conhecida como adrenalina), podem acelerar a taxa de depuração de fluido de pequenas cavidades (alvéolos) dentro dos pulmões .
A revisão relatou e analisou criticamente as evidências disponíveis sobre a eficácia do salbutamol no tratamento da taquipneia transitória do recém-nascido.
Objetivos da revisão
O objetivo principal da revisão foi avaliar se o salbutamol em comparação com o placebo, nenhum tratamento ou qualquer outro medicamento administrado para tratar a taquipneia transitória do recém-nascido, é eficaz e seguro para bebês nascidos com 34 semanas de idade gestacional com este diagnóstico.
Pergunta da revisão
O salbutamol reduz a duração da oxigenoterapia e a necessidade de suporte respiratório em recém-nascidos com taquipneia transitória?
Critério de seleção
Foram selecionados ensaios clínicos randomizados, ensaios clínicos quase randomizados e ensaios de cluster comparando salbutamol versus placebo ou nenhum tratamento ou qualquer outro medicamento administrado a bebês nascidos com 34 semanas de idade gestacional ou mais e menos de três dias de idade com taquipneia transitória do recém-nascido.
Coleta e análise de dados
Os autores utilizaram a metodologia Cochrane padrão para coleta e análise de dados. Os desfechos primários considerados na revisão foram a duração da oxigenoterapia, a necessidade de pressão positiva contínua nas vias aéreas e a necessidade de ventilação mecânica. Foi usada a abordagem GRADE para avaliar a certeza das evidências.
Características do estudo
Em pesquisas de literatura médica completas até abril de 2020, a equipe identificou e incluiu sete ensaios clínicos com 498 recém-nascidos comparando salbutamol com placebo.
Seis estudos avaliaram uma dose única nebulizada (quando o medicamento é administrado em uma névoa fina) de salbutamol e um estudo avaliou duas dosagens diferentes. Foram encontrados cinco testes adicionais que ainda estão em andamento.
Principais resultados
Não há certeza se a administração de salbutamol reduz a duração da oxigenoterapia, a duração da taquipneia, a necessidade de pressão positiva contínua nas vias aéreas e de ventilação mecânica. Salbutamol pode reduzir ligeiramente o tempo de internação hospitalar.
A certeza das evidências foi baixa para o desfecho, duração da internação hospitalar e muito baixa para a duração da oxigenoterapia e da taquipneia, necessidade de pressão positiva contínua nas vias aéreas e ventilação mecânica.
Dada a certeza limitada e baixa das evidências disponíveis, não foi possível determinar se o salbutamol era seguro ou eficaz para o tratamento da taquipneia transitória do recém-nascido.
Conclusão dos autores
Havia evidências limitadas para estabelecer os benefícios e malefícios do salbutamol no tratamento da taquipnéia transitória do recém-nascido.
Não existe certeza se a administração de salbutamol reduz a duração da oxigenoterapia, a duração da taquipneia, a necessidade de pressão positiva contínua nas vias aéreas e de ventilação mecânica. Salbutamol pode reduzir ligeiramente o tempo de internação hospitalar.
Cinco ensaios estão em andamento. Dada a certeza limitada e baixa das evidências disponíveis, não foi possível determinar se o salbutamol era seguro ou eficaz para o tratamento da taquipneia transitória do recém-nascido.
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O estudo original foi pulicado na Cochrane Library
* “The use of salbutamol (albuterol) in the management of transient tachypnea of the newborn” – 2021
Autores do estudo: Moresco L, Bruschettini M, Macchi M, Calevo MG – Estudo