Gordura cardiovascular pode prever alterações na função cognitiva

A qualidade da gordura cardiovascular (CV) em mulheres de meia-idade pode predizer sua função cognitiva mais tarde na vida, descobriu um pesquisador.

Alta radiodensidade de tecido adiposo perivascular (PVAT) ao redor da aorta descendente entre mulheres na meia-idade (idade média em torno de 51) foi significativamente associada a pior memória de trabalho no futuro, relatou Meiyuzhen Qi, MPH, da University of Pittsburgh (Pitt).

Cada aumento de unidade de PVAT foi associado a uma redução de 0,29 unidade na memória de trabalho, disse Qi em uma apresentação no encontro virtual da North American Menopause Society (NAMS).

Enquanto o grupo de Qi e colegas descobriram que a qualidade da gordura ao redor dos vasos sanguíneos estava significativamente associada à função cognitiva mais tarde na vida, o volume de gordura não foi significativo. A quantidade e a qualidade do tecido adiposo epicárdico inferior e total do coração não tiveram relação com a memória.

“A gordura ao redor da aorta descendente teve uma relação com a memória de trabalho para nossos participantes”, disse o coautor Samar El Khoudary, PhD, MPH, também de Pitt.

“O que é novo aqui é que descobrimos que a qualidade da gordura ao redor dos vasos, ao invés da quantidade, pode ser um marcador de declínio cognitivo em mulheres de meia-idade”, disse ela.

A maior radiodensidade da gordura ao redor dos vasos sanguíneos pode indicar um aumento nos marcadores inflamatórios no cérebro, afirmou El Khoudary. Embora este possa ser um mecanismo potencial de declínio cognitivo, ela enfatizou que pesquisas futuras deveriam examinar mais profundamente a fisiopatologia.

Detalhes do estudo

Neste estudo, o grupo de Qi usou dados do Study of Women’s Health Across the Nation (SWAN) para avaliar o volume e a radiodensidade da gordura CV entre mulheres de meia-idade, bem como a relação com a função cognitiva.

Os pesquisadores coletaram dados sobre o volume e a radiodensidade do tecido adiposo epicárdico inferior, tecido adiposo do coração total e PVAT ao redor da aorta descendente, que foram medidos por uma tomografia computadorizada em uma visita durante o curso do estudo SWAN. A memória de trabalho, a memória episódica verbal, a recordação imediata e retardada e a velocidade de processamento foram medidas repetidamente ao longo do estudo, começando na quarta visita.

Os pesquisadores ajustaram o nível de educação, raça, idade, estado da menopausa, colesterol HDL, circunferência da cintura, pressão arterial sistólica, bem como outros fatores de confusão.

Houveram 487 mulheres incluídas no estudo, aproximadamente 31% das quais estavam na pós-menopausa. As mulheres negras representavam cerca de 36% da população estudada. A gordura CV foi medida em média 3 anos antes do primeiro teste cognitivo.

A radiodensidade de PVAT foi associada a pior memória de trabalho, mas não outras medidas de função cognitiva. Os pesquisadores também descobriram que a maior radiodensidade do PVAT estava associada a um menor desempenho futuro na memória episódica verbal da memória atrasada entre as mulheres negras, mas os pesquisadores enfatizaram que estudos futuros devem confirmar esse achado.

El Khoudary afirmou que a pesquisa foi limitada pelo pequeno tamanho da amostra. Como havia um pequeno número de mulheres negras, foi difícil para os pesquisadores medir as disparidades raciais nesses resultados. Além disso, este estudo baseou-se em tomografias computadorizadas para medir a qualidade, e estudos futuros podem usar biópsias para investigar melhor como a qualidade da gordura CV afeta os resultados cognitivos, afirmou.

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O estudo original foi publicado no North American Menopause Society

“Longitudinal association between cardiovascular fat and cognitive function among midlife women: The Study of Women’s Health Across the Nation (SWAN) Cardiovascular Fat Ancillary Study” – 2021

Autores do estudo: Qi M, et al – Estudo

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