Estudo analisa precisão de diagnósticos para carcinoma hepatocelular

O carcinoma hepatocelular (CHC), ou seja, o câncer com origem no fígado, é o sexto em termos de ocorrências globais de câncer e o quarto em termos de mortes por câncer em homens. Este câncer ocorre principalmente em pessoas com doença hepática crônica, independentemente da causa.

O ultrassom (US), que usa ondas para mostrar anormalidades no fígado, pode detectar a presença de lesões hepáticas suspeitas de serem CHC.

A alfa-fetoproteína (AFP), uma glicoproteína produzida pelo fígado e mensurável no sangue, é considerada um marcador tumoral porque níveis elevados podem estar associados à presença de CHC. Esses dois testes (US e AFP) são usados, isoladamente ou em combinação, para excluir a presença de CHC em pessoas com alto risco de desenvolver CHC. Pessoas com alto risco são aquelas com doença hepática crônica.

As diretrizes atuais recomendam programas de vigilância, repetindo US abdominal com ou sem teste de AFP a cada seis meses para detectar carcinoma hepatocelular precoce, passível de ressecção cirúrgica ou outro tratamento.

Qual é o objetivo da revisão?

Os autores queriam descobrir o quão preciso o AFP, o US e uma combinação de AFP e US são para diagnosticar CHC em pessoas com doença hepática crônica.

O que foi estudado na revisão?

AFP (marcador tumoral), que pode ser facilmente medido no sangue, usando um kit comercial. Os estudos com AFP usaram vários valores de limiar para definir o teste como positivo ou negativo.

US é um equipamento disponível em todo o mundo. Ele produz imagens do fígado e de outros órgãos abdominais. Pode detectar a presença de lesões hepáticas com suspeita de carcinoma hepatocelular.

Uma combinação de AFP e US pode detectar ou negar a presença de lesões hepáticas suspeitas de serem CHC.

Quais são os principais resultados da revisão?

Foram encontrados 373 estudos no total em adultos: AFP foi analisado em 326 estudos, 144.570 participantes, US em 39 estudos, 18.792 participantes e a combinação entre os dois em oito estudos, 5454 participantes.

  • AFP com limiar de 20 ng/mL (147 estudos): o teste foi positivo em 60 de 100 participantes com CHC e em 16 de 100 participantes sem CHC. AFP com limiar de 200 ng/mL (56 estudos): o teste foi positivo em 36 de 100 participantes com CHC e apenas em 1 de 100 sem CHC.
  • US (39 estudos): o teste foi positivo em 72 de 100 participantes com CHC e em 6 de 100 participantes sem CHC.
  • A combinação de AFP com limiar de 20 ng/mL e US (6 estudos): um ou ambos os testes foram positivos em 96 de 100 participantes com CHC e em 15 de 100 participantes sem CHC.

Assim, a combinação dos dois testes é melhor na detecção de participantes com CHC. Considerando que as pessoas com doença hepática crônica têm CHC em 5 de 100, pode-se supor que entre 1000 pessoas com doença hepática crônica, 50 terão CHC e, usando AFP e US abdominal em combinação, pode-se detectar 48 dessas pessoas com CHC, e 2 pessoas passarão despercebidas e não receberão o tratamento adequado, 950 em cada 1000 não terão CHC e 143 deles receberão um diagnóstico errado e serão submetidos a exames adicionais desnecessários, como tomografia computadorizada, ressonância magnética ou biópsia.

Confiabilidade dos resultados

Todos os estudos, exceto um, tiveram problemas com risco de viés, especialmente na seleção dos participantes e na definição correta da presença de CHC. Esses problemas podem prejudicar as estimativas corretas da capacidade de diagnóstico dos três testes.

Quais são as implicações da revisão?

Usando AFP, com 20 ng/mL, como limite, cerca de 40% das ocorrências de CHC seriam perdidas, e com o US sozinho, mais de um quarto.

A sensibilidade foi maior quando os dois testes foram usados ​​em combinação, e menos de 5% das ocorrências de CHC seriam perdidas com cerca de 15% de resultados falso-positivos.

Conclusão dos autores

Na via clínica para o diagnóstico do CHC em adultos, o AFP e US, isoladamente ou em combinação, têm o papel de testes de triagem. A equipe descobriu que usando AFP, com 20 ng/mL como ponto de corte, cerca de 40% das ocorrências de CHC seriam perdidas, e com o US sozinho, mais de um quarto.

A combinação dos dois testes mostrou a maior sensibilidade e menos de 5% das ocorrências de CHC seriam perdidas com cerca de 15% de resultados falso-positivos. A incerteza resultante da baixa qualidade do estudo e a heterogeneidade dos estudos incluídos limitam a capacidade de tirar conclusões com segurança com base nos resultados.

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O estudo original foi publicado na Cochrane Library

* “Abdominal ultrasound and alpha‐foetoprotein for the diagnosis of hepatocellular carcinoma in adults with chronic liver disease” – 2021

Autores do estudo: Colli A, Nadarevic T, Miletic D, Giljaca V, Fraquelli M, Štimac D, Casazza G – 10.1002/14651858.CD013346.pub2

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