Combinação de duas drogas interrompe o crescimento das células cancerígenas!
Os pesquisadores do Centro de Tratamento do Câncer da Universidade do Texas (UT Southwestern Simmons Cancer Center), nos EUA, descobriram uma combinação de dois medicamentos que interrompe o crescimento das células cancerígenas que carregam mutações HER2.
O crescimento de células cancerígenas
As descobertas foram motivadas pela observação de que, após uma resposta inicial, pacientes com câncer portando mutações no HER2 acabam desenvolvendo resistência a um promissor novo medicamento contra o câncer atualmente em ensaios clínicos.
Os cientistas descobriram que outro medicamento, já no mercado, contraria essa resistência e bloqueia o câncer, fornecendo assim a base para uma nova combinação de medicamentos contra cânceres com mutações no gene HER2.
A Dra Dhivya Sudhan, avaliou dados de um estudo molecular orientado em que pacientes com tumores com mutações no HER2 foram tratados com o inibidor do HER2 neratinib. Neste estudo, os cânceres dos pacientes foram sequenciados à medida que a doença progredia durante o tratamento. Com base nessa análise, a Dra Sudhan descobriu em laboratório que uma maneira eficaz de compensar eventual resistência ao neratinibe é com o everolimus, um inibidor da TORC1 comumente usado para tratar outros tipos de câncer de mama.
“Essa descoberta pode dar aos médicos uma resposta eficaz à resistência ao neratinibe. Isso pode fazer uma diferença real para pacientes com câncer de mama, ovário, pulmão e outros portadores de mutações no HER2″, diz o Dr Carlos L. Arteaga, diretor do UT Southwestern Simmons Cancer Center e autor correspondente do estudo.
As mutações HER2 há muito são identificadas como um fator-chave no câncer de mama e outros. Os autores deste estudo concentraram-se em uma rede de sinalização acionada por TORC1, que eles mostraram ser o caminho através do qual os cânceres mutantes HER2 se tornam resistentes ao neratinibe.
“Observamos consistentemente a ativação da sinalização TORC1 como um mecanismo de resistência ao neratinib através de diferentes tipos de câncer mutante HER2. Diferentes tipos de câncer usaram estratégias diferentes para escapar do neratinib, mas todos convergiram na sinalização TORC1”, diz a Dra Sudhan.
Além de estudar os dados de sequenciamento de tumores de pacientes com câncer HER2-mutante em todo o país que estão em ensaios clínicos para o neratinibe, a Dra Sudhan também estudou células e tumores resistentes ao neratinibe que continuam vivendo e crescendo em laboratório.
O sequenciamento do câncer dos pacientes antes e durante o ensaio clínico mostrou que alguns pacientes já apresentavam uma mutação que poderia ativar a via TORC1. Outros o desenvolveriam eventualmente, mas poderiam se beneficiar do everolimus, atualmente usado como inibidor do TORC1, para abordar os outros papéis que o TORC1 desempenha no câncer. O everolimus permitiria ao paciente continuar se beneficiando da inibição do neratinib do HER2.
A Dra Sudhan diz que a combinação de neratinibe e everolímus funcionou em linhas celulares, organoides estabelecidos a partir de tumores derivados de pacientes e em camundongos que abrigavam tumores mutantes HER2. O próximo passo será testar essa combinação de duas drogas em humanos.
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Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Cancer Cell.
* “Hyperactivation of TORC1 Drives Resistance to the Pan-HER Tyrosine Kinase Inhibitor Neratinib in HER2-Mutant Cancers” – 2020.
Autores do estudo: Dhivya R.Sudhan, AngelGuerrero Zotano, HelenWon, Paula González Ericsson, Alberto Servetto, Mariela Huerta Rosario, Dan Ye, Kyung minLee, Luigi Formisano, YanGuo, Qi Liu, Lisa N.Kinch, Monica Red Brewer, Teresa Dugger, James Koch, Michael J.Wick, Richard E.Cutler Jr., Alshad S. Lalani, Richard Bryce, Alan Auer bach, Ariella B. Hanker, Carlos L. Arteaga – 10.1016/j.ccell.2019.12.013