Descoberta nova estratégia de tratamento para câncer de pulmão!

O câncer de pulmão é o segundo câncer mais comum encontrado em homens e mulheres. Estima-se que haverá cerca de 30 mil novos casos de câncer de pulmão neste ano apenas no Brasil, e quase 30% desses pacientes terão mutações na via KRAS. Esse tipo de mutação torna o câncer mais agressivo e difícil de tratar. Pesquisadores do Instituto de Pesquisa e Centro de Câncer (Moffitt Cancer Center), na Flórida, EUA, esperam mudar isso. A equipe descobriu uma nova abordagem de tratamento para câncer de pulmão que pode ajudar esse grupo de pacientes.

Novidades no tratamento para câncer de pulmão

O KRAS é um gene que regula a sinalização celular de maneira “ativa (On)” e “inativa (Off)”, levando ao crescimento e divisão celular normal. Mutações que ocorrem no gene KRAS fazem com que a proteína ignore todos os sinais “off” que recebe, o que resulta em crescimento celular descontrolado. É por isso que os pesquisadores têm investigado áreas na via KRAS como possíveis alvos terapêuticos. Por exemplo, no melanoma, as terapias que visam a mutação BRAF, uma proteína na via KRAS, levaram a uma resposta positiva do paciente.

Pesquisadores do Moffitt Cancer Center acreditam que a MEK quinase, também encontrada na via KRAS, pode ser um possível alvo para o tratamento do câncer de pulmão. Através de uma série de triagens de drogas, linha celular e experimentos com modelos animais, eles descobriram que as células de câncer de pulmão tratadas com o inibidor  MEK trametinib em combinação com as citocinas de Fator de necrose tumoral (TNFα) e a Interferon-gama (IFNγ), resultaram em substancialmente mais morte celular do que tratamento com um inibidor de MEK sozinho.

O TNFα foi identificado na década de 1970 como Fator de Necrose Tumoral, mas o entusiasmo inicial para usá-lo no tratamento do câncer foi rapidamente atenuado pela resposta inflamatória induzida após a administração de TNFα e pelo fato de que a maioria das células tumorais resistem à morte por TNFα.

Neste estudo, a equipe de pesquisa descobriu que os inibidores de MEK aumentam o número de receptores na superfície da célula para o TNFα se ligar, o que leva à liberação de um sinal de morte celular mais potente e sustentado.

O IFNy, uma citocina conhecida por ser crucial para a imunidade antitumoral, aumentando ainda mais a atividade antitumoral dos inibidores de MEK e do TNFα. É importante ressaltar que os inibidores de MEK também aumentam consideravelmente a expressão dos genes alvo TNFα e IFNγ, o que pode levar ao aumento da imunidade antitumoral.

“Os inibidores de MEK por si só não fornecem uma resposta global forte para esse grupo de pacientes”, disse o Dr Amer A. Beg, membro sênior do Departamento de Imunologia e Centro de Excelência em Câncer de Pulmão da Moffitt e principal autor deste estudo.

Dr Amer e sua equipe investigaram se os inibidores de MEK em combinação com terapias conhecidas por aumentar a expressão de TNFα e IFNγ forneceriam uma resposta melhor. Eles descobriram que a adição de um inibidor de ponto de verificação imunológico PD-1 com inibidores de MEK resultou na mais forte regressão tumoral em camundongos.

Os pesquisadores estão planejando estudos adicionais para combinar os inibidores de MEK com outras terapias imunológicas que forneçam uma forte expressão dessas citocinas no microambiente tumoral, tais como a terapia CAR T-Cells e as abordagens adotivas de terapia com células T.

“Esses estudos ajudarão a determinar se a modulação do microambiente imunológico juntamente com a sinalização tumoral é uma estratégia de tratamento viável para pacientes com câncer de pulmão com mutações no KRAS e outras mutações que dependem da sinalização MEK”, disse Mengyu Xie, estudante de biologia do câncer no Moffitt Cancer Center e um dos primeiros autores do estudo.

“Demonstrar que um agente anticancerígeno pode modular eficazmente a atividade de uma via de sinalização de citocinas, crucial para muitos processos biológicos, é conceitualmente novo e pode levar a uma nova compreensão das vias oncogênicas e estratégias para atacá-los”, concluiu otimista o Dr Amer.

O estudo completo foi publicado e está disponível na conceituada revista científica Cancer Research.

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