Estudo analisa radioterapia para tratar degeneração macular

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença ocular comum que pode se desenvolver em pessoas com mais de 50 anos. Ela afeta a área central (mácula) da parte posterior do olho (retina).

Primeiro, manchas amarelas (drusas) se desenvolvem sob a retina. Isso pode ser visto por profissionais de saúde durante exames oftalmológicos. Conforme a DMRI progride, novos vasos sanguíneos podem crescer na mácula.

Esses vasos podem sangrar ou causar cicatrizes; isso é chamado de DMRI ‘neovascular’ ou ‘úmida’. A DMRI úmida pode fazer com que as pessoas percam a parte central da visão.

Não há cura para a DMRI úmida. No entanto, existem tratamentos concebidos para impedir o agravamento da visão. Um desses tratamentos é a radioterapia (usando radiação para matar células prejudiciais).

Para descobrir a eficácia da radioterapia no tratamento da DMRI úmida e se ela causa efeitos indesejáveis, revisamos as evidências de estudos de pesquisa.

Como os autores identificaram e avaliaram as evidências

Em primeiro lugar, a equipe buscou todos os estudos relevantes na literatura médica. Em seguida, fizeram a comparação dos resultados e resumiram evidências de todos os estudos.

Finalmente, avaliaram o quão certas eram as evidências. Considerando fatores como a forma como os estudos foram conduzidos, o tamanho dos estudos e a consistência dos resultados entre os estudos.

Com base nessas avaliações, houve a categorização das evidências como sendo de certeza muito baixa, baixa, moderada ou alta.

O que foi encontrado

Foram identificados 18 estudos relevantes em um total de 2.340 pessoas com DMRI úmida. Esses estudos ocorreram principalmente na Europa e na América do Norte, embora dois estudos fossem do Japão e um estudo incluísse locais na América do Sul.

Quinze estudos investigaram a radioterapia por feixe externo e três estudos investigaram a radioterapia interna (braquiterapia), onde materiais radioativos são colocados na superfície do olho.

Estudos comparados

  • radioterapia isolada, sem radioterapia ou tratamento simulado (14 estudos, 1223 pessoas),
  • radioterapia mais injeções nos olhos (de um medicamento denominado fator de crescimento endotelial vascular (VEGF)) apenas com injeções nos olhos (quatro estudos, 1117 pessoas).
  • Os estudos mostraram que:

Quando a radioterapia foi comparada com nenhuma radioterapia ou um tratamento simulado, no acompanhamento de 12 meses

  • Pode haver pouca diferença na probabilidade de a visão das pessoas piorar em 3 linhas ou mais em um gráfico de visão (baixa certeza).
  • Pode haver uma pequena diferença na nitidez visual média (na ordem de 1 linha de um gráfico de visão) favorecendo a radioterapia (baixa certeza).
  • A capacidade das pessoas de distinguir entre as partes claras e escuras de uma imagem pode ser ligeiramente melhor com a radioterapia (baixa certeza).
  • A evidência de crescimento de novos vasos sanguíneos na parte posterior do olho era inconsistente (certeza muito baixa).
  • Pode haver pouca diferença na qualidade de vida (baixa certeza).
  • Estudos que registraram efeitos indesejados geralmente não relataram danos à retina ou nervo óptico associados à radiação. Outros efeitos indesejáveis, como catarata, eram incomuns. Não houve evidência consistente de que os efeitos indesejados eram mais prováveis ​​no grupo de radiação (baixa certeza).

Quando a radioterapia combinada com anti-VEGF foi comparada com o anti-VEGF sozinho, 12 meses de acompanhamento

  • Pessoas tratadas com radioterapia mais anti-VEGF têm provavelmente duas vezes mais chances de perder 3 linhas ou mais em um gráfico de visão do que pessoas tratadas apenas com anti-VEGF (certeza moderada).
  • Os estudos relataram resultados inconsistentes na nitidez média da visão (baixa certeza) e no crescimento de novos vasos (evidências de muito baixa certeza). A nitidez média da visão pode ser pior com a braquiterapia.
  • Nenhum estudo investigou o impacto na capacidade das pessoas de distinguir entre as partes claras e escuras de uma imagem, ou a qualidade de vida.
  • Três em cada quatro estudos relataram poucos efeitos indesejados e nenhum dano associado à radiação na retina ou no nervo óptico. Em um estudo, metade das pessoas tratadas com braquiterapia relatou efeitos indesejáveis ​​(particularmente catarata) e houve alguns casos de danos à retina causados ​​pela braquiterapia (baixa certeza).
  • Em três dos quatro estudos, as pessoas tratadas com radioterapia receberam menos injeções de anti-VEGF (certeza moderada).

Conclusão

A evidência é incerta quanto ao uso de radioterapia para DMRI neovascular. A maioria dos estudos ocorreu antes do uso rotineiro de anti-VEGF e antes do desenvolvimento de técnicas modernas de radioterapia, como a radioterapia estereotáxica.

Os resultados visuais com a braquiterapia epimacular provavelmente serão piores, com um risco aumentado de eventos adversos, provavelmente relacionados à vitrectomia. O papel da radioterapia estereotáxica combinada com anti-VEGF é atualmente incerto.

Pesquisas adicionais sobre radioterapia para DMRI neovascular podem não ser justificadas até que os estudos em andamento relatem seus resultados.

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O estudo original foi publicado na Cochrane Library

* “Radiotherapy for neovascular age‐related macular degeneration” – 2020

Autores do estudo: Evans JR, Igwe C, Jackson TL, Chong V – 10.1002/14651858.CD004004.pub4

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