Pacientes com doença falciforme têm mais riscos com COVID-19

Pacientes com doença falciforme (DF) que têm histórico de comorbidades relacionadas à doença apresentam maior risco de resultados piores do COVID-19, relataram os pesquisadores.

A hospitalização por COVID-19 era mais provável de ocorrer em crianças se elas tivessem consultas prévias de cuidados agudos frequentes para dor, bem como comorbidades cardíacas e pulmonares relacionadas à doença falciforme. Histórico de dor também foi considerado um fator de risco para hospitalização em adultos, observou Lana Mucalo, MD, do Medical College of Wisconsin em Milwaukee, e colegas do Blood Advances.

“Mais da metade desses pacientes apresentaram dor”, disse Mucalo ao MedPage Today. “Foi a complicação mais comum.”

Embora não se saiba se a dor aguda da DF ocorreria nesses pacientes na ausência de COVID-19, “mecanismos potenciais apoiam o conceito de que a infecção viral pode precipitar episódios de dor aguda da DF”, escreveram Mucalo e equipe.

“A doença falciforme é uma doença inflamatória crônica”, observou Mucalo, apontando que a infecção pode exacerbar a inflamação. Uma infecção como a COVID-19 que atinge os pulmões pode levar à diminuição da oxigenação e hipóxia sanguínea, “o que promove falcização, episódios vaso-oclusivos e dor”, apontou a equipe.

No início da pandemia de COVID, Mucalo e colegas reconheceram a necessidade de adquirir conhecimento sobre esta infecção e estabeleceram o registro internacional SECURE-SCD para coletar dados sobre pacientes com DF e COVID-19. Eles usaram dados do SECURE-SCD para identificar fatores associados à hospitalização e doenças graves em pacientes com DF.

Detalhes do estudo

A análise incluiu 750 crianças e adultos com DF e COVID-19 que foram relatados no registro de 20 de março de 2020 a 23 de março de 2021. Um pouco mais da metade (51,5%) tinha mais de 18 anos (idade mediana de 31 anos) , enquanto os 48,5% restantes eram pacientes pediátricos (idade mediana de 11 anos).

Os dados dos pacientes vieram de instituições na Bélgica, Brasil, Canadá, França, Guiana Francesa, Grécia, Guadalupe, Líbano, Nigéria, Omã, Suécia, Suíça e EUA.

Consultas prévias de cuidados agudos para dor foram a comorbidade relacionada à doença falciforme mais comum entre crianças (55,5%) e adultos (78,5%). A síndrome torácica aguda nos últimos 3 anos foi relatada em 29,4% das crianças e 29,5% dos adultos.

Em outros achados do estudo, crianças com histórico de dor, comorbidades cardíacas e pulmonares relacionadas à DF e comorbidades renais relacionadas à doença falciforme estavam em maior risco de desenvolver doença COVID grave.

Além disso, o histórico de dor foi um fator de risco para doença COVID grave em adultos.

Uma história de dor e comorbidades renais relacionadas à DF aumentou o risco de dor durante a COVID em crianças, enquanto uma história de dor, comorbidades cardíacas e pulmonares relacionadas à DF e sexo feminino aumentaram o risco de dor durante a COVID em adultos, disseram os pesquisadores.

Os pesquisadores também determinaram que, embora a hidroxiureia reduza o risco de dor em adultos com COVID, tomar o medicamento como terapia modificadora da doença não resultou em nenhuma diferença na gravidade da doença COVID ou na necessidade de hospitalização em pacientes com DF

“O interessante foi que, para alguns pacientes que nunca sentiram dor, a primeira vez que sentiram dor foi quando receberam o COVID-19”, disse Mucalo. “Isso envia a mensagem de que quando os pacientes com doença falciforme vão ao pronto-socorro com dor, eles devem definitivamente ser testados para COVID-19, porque esse pode ser o único sintoma.”

Além disso, é importante para os pacientes e médicos perceberem que algumas complicações e comorbidades associadas à DF podem ser potencialmente fatais ao lidar com uma infecção por COVID-19, acrescentou ela. “Esses pacientes que estão em maior risco devem definitivamente considerar a vacinação”.

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O estudo original foi publicado no

“Comorbidities are risk factors for hospitalization and serious COVID-19 illness in children and adults with sickle cell disease” – 2021

Autores do estudo: Lana Mucalo, Amanda M. Brandow, Mahua Dasgupta, Sadie F. Mason, Pippa M. Simpson, Ashima Singh, Bradley W. Taylor, Katherine J. Woods, Fouza I. Yusuf, Julie A. Panepinto – 10.1182/bloodadvances.2021004288

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