Pesquisadores examinam os riscos de distúrbios hipertensivos na gravidez

Estima-se que os distúrbios hipertensivos da gravidez ocorram em até 8% das mulheres em todo o mundo e incluam hipertensão de início recente diagnosticada durante a gravidez (hipertensão gestacional), pré-eclâmpsia e hipertensão crônica com pré-eclâmpsia sobreposta.

Há uma associação conhecida entre distúrbios hipertensivos da gravidez e doença renal, cardiovascular e cerebrovascular futura.

Mulheres com esses distúrbios possuem uma probabilidade cinco vezes maior de sofrer com acidente vascular cerebral periparto e outros eventos cerebrovasculares de curto e longo prazo em quando comparadas com suas contrapartes normotensas.

De acordo com um recente estudo prospectivo de base populacional, as mulheres que desenvolveram hipertensão durante a gravidez tinham maior probabilidade de apresentar prejuízo cognitivo 15 anos depois.

Em comparação com aquelas que tiveram pressão arterial normal durante a gravidez, as mulheres que desenvolveram hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia tiveram pior desempenho em testes de recordação imediatos e tardios, em média 14,7 anos depois, relatou Maria Adank, MD, do Erasmus University Medical Center em Rotterdam, Holanda e colegas.

“Mulheres que tiveram [distúrbios hipertensivos da gravidez], em particular hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, são aconselhadas a fazer mudanças no estilo de vida para reduzir o risco de doenças na vida adulta”, disseram os autores do estudo para o Neurology.

Características do estudo

O estudo contou com uma coorte de mulheres gestantes do subestudo ORCALE com data de parto no período de abril de 2002 a janeiro de 2006, que faiam parte do ensaio prospectivo da Geração R de base populacional em Rotterdam.

Das 596 mulheres que estavam grávidas quando o estudo foi iniciado, 115 desenvolveram pressão alte durante a gestão (80 com hipertensão gestacional e 35 com pré-eclâmpsia) e 481 passaram por uma gravidez normotensa. Grande parte das mulheres com pré-eclâmpsia (94,3%) tiveram a condição a termo, estabelecida como início em >34 semanas de gravidez.

As mulheres que sofriam com problemas hipertensivos da gestação frequentemente eram de descendência não europeia, possuíam um nível de escolaridade menor, um índice de massa corporal (IMC) pré-gravidez elevado e pressão arterial sistólica e diastólica maior no começo da gravidez (13,3 semanas de gestação) .

Avaliações cognitivas em média 14,7 anos depois incluíram função executiva, velocidade de processamento, aprendizagem verbal e memória, motor fino e testes visuoespaciais, que foram combinados em um fator de cognição global composto. A idade média no teste cognitivo era 46. Das mulheres com distúrbios hipertensivos da gravidez, 20% apresentavam depressão no momento do teste cognitivo.

Cerca de 6 meses antes do teste cognitivo, 68 mulheres foram classificadas como hipertensas. Mulheres com histórico de distúrbios hipertensivos na gravidez apresentaram maior proporção de hipertensão (30,4%) em comparação com aquelas previamente normotensas durante a gravidez (6,9%).

As mulheres foram solicitadas a lembrar de uma lista de 15 palavras, primeiro imediatamente e depois de esperar 20 minutos.

Participantes que apresentavam problemas hipertensivos da gravidez tiveram escores piores de recordação imediata e memória atrasada – aferidos pela quantidade de respostas certas em três tentativas do teste de aprendizagem de 15 palavras – comparadas com as que passaram por uma gravidez normotensa. Essas associações se mantiveram significativas depois do ajuste para fatores de confusão.

A avaliação de sensibilidade que tirou mulheres com pré-eclâmpsia sugeriu que as mulheres com pressão alta gestacional apresentaram um desempenho pior do que aquelas que tiveram gravidez normotensa em todas as partes do teste de aprendizagem em 15 palavras, mesmo após a contabilização dos fatores de confusão.

Os distúrbios hipertensivos da gravidez foram negativamente associados a outras avaliações cognitivas e ao fator global composto, mas essas relações não foram significativas após o ajuste.

A associação com prejuízo cognitivo foi impulsionada principalmente por mulheres com hipertensão gestacional e foi independente da etnia, nível educacional e IMC pré-gravidez.

Os autores disseram que o estudo teve diversas limitações. Nenhum teste cognitivo foi feito antes ou durante a gestação, os efeitos nas mulheres não puderam ser examinados. Pode ter acontecido um viés de seleção e fatores de confusão desconhecidos podem ter tipo influência sobre os resultados.

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O estudo original foi publicado no Neurology

* “Hypertensive disorders of pregnancy and cognitive impairment: A prospective cohort study” – 2020

Autores do estudo: Maria C ADANK, Rowina F HUSSAINALI, Lise C OOSTERVEER, M Arfan IKRAM, Eric AP STEEGERS, Eliza C MILLER, Sarah SCHALEKAMP-TIMMERMANS
10.1212/WNL.0000000000011363

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