Estudo: Uso de probióticos para tratar diabetes mellitus gestacional

Introdução ao estudo

O diabetes mellitus gestacional (DMG) é a intolerância a carboidratos que pode acontecer durante a gravidez e é associado a complicações para mães e bebês.

Probióticos são micro-organismos de ocorrência natural, que quando ingeridos em quantidades adequadas podem trazer alguns benefícios à saúde. A evidência do papel desse tratamento para DMG ainda é limitada.

Objetivos da pesquisa

O principal objetivo do estudo apresentado é avaliar a segurança e a eficácia dos probióticos no tratamento de mulheres com DMG e os resultados maternos e infantis.

Foram utilizados ensaios clínicos randomizados (ECR) comparando o uso de probióticos com o placebo – tratamento padrão para DMG.

Resultados principais

Nove ECRs (695 gestantes com DMG) comparando probióticos e placebo foram encontrados. O risco geral de viés nos nove ensaios clínicos randomizados foi baixo, as evidências foram rebaixadas por imprecisão devido ao pequeno número de mulheres que participaram do estudo.

Os ensaios foram realizados em hospitais e universidades no Irã (sete ensaios), na Tailância (um estudo) e Irlanda (um estudo). Todos os ECRs compararam probióticos com placebo.

Resultados maternos

Não há certeza se os probióticos possuem algum efeito em comparação com o placebo nos distúrbios hipertensivos da gravidez e no parto tipo cesariana, a certeza da evidência é baixa.

Nenhum estudo relatou resultados primários de: modo de nascimento como vaginal/assistido e subsequente desenvolvimento de diabetes tipo 2.

Também não existe certeza se os probióticos detém algum efeito quando comparado com o placebo na indução do trabalho de parto.

Para outros desfechos secundários em gestantes não há convicção se existem diferenças entre tratamento com probióticos e placebos em condições como: hemorragia pós-parto, ganho de peso durante a intervenção na gravidez e ganho de peso gestacional total, glicemia de jejum e necessidade de farmacoterapia extra (insulina). Os probióticos podem estar associados a uma ligeira redução de triglicerídeos e colesterol total.

Na comparação entre os dois tipos de medicação, verificou-se uma redução nos marcadores de resistência à insulina (HOMA-IR) e HOMA-B e secreção de insulina. Também houve um aumento no índice quantitativo de verificação da sensibilidade à insulina (QUICKI).

Os probióticos foram associados a benefícios menores em biomarcadores relevantes, com evidências que mostram uma redução nos marcadores inflamatórios da proteína C reativa de alta sensibilidade (hs-PCR), interleucina 6 (IL-6), marcador de malondialdeído e um aumento da glutationa total antioxidante, mas não existe confiança nas informações de que há uma diferença na capacidade antioxidante total.

Nenhuma pesquisa teve indícios secundários como trauma perineal, retenção de peso pós-natal ou retorno ao peso pré-gestacional e depressão pós-natal.

Blood glucose meter and stethoscope on white background

Resultados de lactentes/crianças/adultos

Não há certeza se os probióticos têm algum efeito, em comparação com o placebo, no risco de bebês grandes para a idade gestacional ou hipoglicemia infantil, a evidência é baixa.

Nenhum estudo relatou desfechos primários de mortalidade perinatal (fetal/neonatal) ou deficiência neurossensorial.

Para outros desfechos secundários, não há convicção se existe alguma diferença entre probióticos e placebo da idade gestacional ao nascimento, nascimento prematuro, macrossomia, peso ao nascer, perímetro cefálico, comprimento, hipoglicemia infantil e internações em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN).

Houveram evidências de uma redução na hiperbilirrubinemia infantil com os probióticos quando comparados ao uso do placebo. Nenhum estudo relatou resultados secundários como: adiposidade infantil e adiposidade posterior na infância.

Além disso, não ocorreu efeitos adversos graves em nenhum dos ensaios analisados para a finalização do estudo.

Conclusão dos autores

A evidência de baixa certeza significa que não há como comprovar se existe de fato diferença entre os grupos de probiótico e placebo nos distúrbios hipertensivos maternos da gravidez, cesarianas e bebês grandes para a idade gestacional.

Contudo, não houve eventos adversos graves relatados pelas pesquisas analisadas.

Devido à variabilidade dos probióticos utilizados e ao tamanho pequeno da amostra dos estudos, ainda não é possível mostrar na prática a eficácia do tratamento.

Ensaios bem desenhados e desenvolvidos adequadamente são necessários para identificar se os probióticos podem melhorar os níveis de glicose no sangue materno e/ou os resultados em bebês/crianças/adultos e se eles podem ser usados para tratar a DMG.

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O estudo original foi publicado na Cochrane Library

* “Probiotic treatment for women with gestational diabetes to improve maternal and infant health and well‐being” – 2020

Autores do estudo: Karaponi AM Okesene-Gafa, Abigail E Moore, Vanessa Jordan, Lesley McCowan, Caroline A Crowther – doi.org/10.1002/14651858.CD012970.pub2

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