Refeições em família podem ajudar na alimentação das crianças

Refeições mais longas em família podem ser uma estratégia para fazer com que as crianças comam de forma mais saudável, de acordo com um ensaio clínico randomizado que encontrou uma melhora no equilíbrio dos alimentos consumidos à mesa.

As crianças randomizadas para passar 50% mais tempo sentadas para refeições em família – uma diferença de 10 minutos em média – consumiram significativamente mais frutas e vegetais, descobriu Jutta Mata, PhD, da Universidade de Mannheim, Alemanha, e colegas.

Em média, refeições familiares mais longas induzem as crianças a comer 3,32 pedaços a mais de frutas e 3,66 pedaços a mais de vegetais do que aquelas que comem durante o horário regular das refeições, explicaram os pesquisadores no JAMA Network Open.

Esses itens adicionais totalizaram cerca de uma porção (100g de alimento), equivalente a cerca de uma maçã média, mas pareceram substituir outros alimentos sem aumentar significativamente o consumo geral.

“Este resultado tem importância prática para a saúde pública porque uma porção diária adicional reduz o risco de doença cardiometabólica em 6% a 7%”, escreveu o grupo.

Claro, para ter esse efeito, frutas e vegetais devem estar disponíveis na mesa, observaram. “Se os efeitos dessa intervenção simples, barata e de baixo limiar se mostrarem estáveis ao longo do tempo, isso poderá contribuir para resolver um grande problema de saúde pública”, disse o grupo.

Ao tentar implementar refeições mais longas, o grupo de Mata sugeriu que as famílias pudessem se concentrar nas refeições da noite, em vez do café da manhã, para que os pais não estivessem com pressa. Os pais também podem tentar definir regras transparentes, como todos os membros da família ficarem à mesa por um determinado período de tempo.

Detalhes do estudo

O estudo randomizou um total de 50 pares de pais e filhos para ambas as condições alimentares – a refeição regular da família à noite e a refeição noturna 50% mais longa – em uma ordem aleatória. A idade média das crianças era de 8 anos (variação de 6 a 11) e dos pais era de 43 anos. As crianças foram divididas igualmente entre meninos e meninas.

Olhando mais de perto, o grupo de Mata descobriu que as crianças do grupo de refeições mais longas tendiam a comer mais vegetais desde o início, enquanto mais frutas eram consumidas durante os 10 minutos extras adicionados ao final das refeições.

As crianças que faziam refeições familiares mais longas também bebiam mais água, consumindo em média 3,70 mL a mais. Dito isso, as crianças também consumiram 2,38 mL a mais de bebidas açucaradas. Em ambas as refeições, as crianças consumiram mais bebidas açucaradas do que água.

A duração das refeições familiares não foi associada à quantidade de pão ou frios consumidos.

“A maior ingestão de frutas e vegetais durante refeições mais longas não pode ser explicada apenas por uma exposição mais longa aos alimentos; caso contrário, teria ocorrido um aumento na ingestão de pães e frios”, apontaram os pesquisadores. “Uma possível explicação é que as frutas e vegetais foram cortados em pedaços pequenos, tornando-os convenientes para comer.”

As crianças sentadas para refeições mais longas com os pais também mastigavam mais devagar, comendo 7,60 mordidas a menos por minuto do que as crianças do grupo de refeições regulares. No geral, as crianças com refeições familiares mais longas relataram níveis mais altos de saciedade do que aquelas no grupo de refeições regulares. Isso também pode ajudar a reduzir o risco de obesidade em crianças, sugeriu o grupo de Mata.

Embora as crianças geralmente se sintam mais cheias, não houve diferença na quantidade de calorias consumidas durante a sobremesa.

Os efeitos das refeições mais longas também não se estenderam aos benefícios sociais, pois não houve diferença no tempo que as crianças passaram envolvidas em comunicação interpessoal positiva, como falar sobre a vida familiar ou interesses, fazer piadas ou se abrir sobre emoções.

Também não houve diferença na atmosfera autoavaliada, calculada como a proporção de comunicação interpessoal em milissegundos versus tempo total de refeição.

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O estudo original foi publicado no JAMA Network Open

* “Effect of longer family meals on children’s fruit and vegetable intake: a randomized clinical trial” – 2023

Autores do estudo: Dallacker M, et al – Estudo

4Medic

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