Medicamentos para perda de proteína em pacientes com doença falciforme

A doença falciforme é um grupo de condições hereditárias que muitas vezes levam a danos nos rins. Níveis elevados de proteína ou albumina na urina são um forte preditor de insuficiência renal futura.

Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) são frequentemente administrados para reduzir o nível de proteína ou albumina na urina e proteger os rins de danos. No entanto, não sabemos muito sobre quão eficazes e seguros são em pessoas com doença falciforme.

Objetivo da revisão

Os autores revisaram as evidências sobre o efeito de medicamentos que visam evitar que pessoas com doença falciforme percam proteína ou albumina (uma proteína produzida no fígado) na urina.

Características do estudo

A equipe incluiu e analisou apenas um estudo (com 22 adultos com doença falciforme) na revisão. Os participantes tinham altos níveis de proteína (proteinúria) ou albumina (microalbuminúria) na urina e foram selecionados aleatoriamente para serem tratados por seis meses com captopril (um inibidor da enzima conversora de angiotensina) ou placebo (droga simulada sem medicação ativa).

Principais resultados

Os resultados deste estudo pequeno e de muito baixa qualidade não foram convincentes. Os autores rebaixaram os julgamentos sobre a certeza da evidência por causa de pelo menos um risco pouco claro ou alto de viés em quase todas as áreas que foram avaliadas, bem como imprecisão (os resultados mostraram uma ampla gama de efeitos possíveis) e indireta (o estudo não incluem quaisquer crianças e apenas um pequeno número de adultos com pressão arterial normal e microalbuminúria).

O estudo não mostrou que os inibidores da ECA poderiam reduzir o nível de proteína ou albumina na urina. Os níveis de creatinina (um composto químico que sobrou dos processos de produção de energia nos músculos; um nível alto pode indicar insuficiência renal) e potássio no sangue foram relatados como constantes ao longo do estudo.

Não foram observados eventos adversos graves, embora o potencial de causar pressão arterial baixa deva ser destacado. Mais estudos de longo prazo envolvendo múltiplos centros e maior número de participantes são necessários.

Certeza das provas

A certeza geral da evidência foi muito baixa, uma vez que a equipe acreditava que havia um risco alto ou incerto de viés de todos os aspectos que podem contribuir para enviesar os resultados (por exemplo, randomização, a forma como as alocações de tratamento foram ocultadas, se todos os participantes recrutados foram analisados, se todos os resultados planejados foram relatados, bem como o cegamento dos participantes, equipe de pesquisa e avaliação de resultados).

Os autores também observaram que o estudo não incluiu crianças, o que limita as evidências para esse tratamento em crianças. Os cálculos estatísticos sobre o efeito encontraram um alto grau de imprecisão.

Pode haver relatórios seletivos sobre os níveis de sódio, mas outros níveis de eletrólitos foram relatados. No entanto, a quantidade de dados com descrições detalhadas permitiu apenas análises limitadas nesta revisão.

Conclusão dos autores

No geral, os autores julgaram a certeza da evidência muito baixa. O estudo incluído reportou seletivamente seus resultados, não teve poder para detectar uma diferença de grupo, caso ela existisse, e não ofereceu informações suficientes para nos permitir julgar o viés inerente ao estudo. Indireta (em relação à idade limitada e tipo de população incluída) e imprecisão (amplos intervalos de confiança em torno da estimativa do efeito) foram observadas.

Mais estudos de longo prazo envolvendo vários centros e coortes maiores usando um desenho controlado randomizado são necessários, especialmente na faixa etária pediátrica.

O relatório detalhado de cada medida de resultado é necessário para permitir uma interpretação clara em uma revisão sistemática. Uma das dificuldades encontradas nesta revisão foi a falta de dados detalhados relatados no estudo incluído.

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O estudo original foi publicado na Cochrane Library

“Angiotensin‐converting enzyme (ACE) inhibitors for proteinuria and microalbuminuria in people with sickle cell disease” – 2021

Autores do estudo: Sasongko TH, Nagalla S – Estudo

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