Duodenopancreatectomia após tratamento para câncer de pâncreas
O pâncreas é uma glândula digestiva situada na parte superior do abdômen, que também é vital para o controle normal do açúcar no sangue. O câncer de pâncreas é uma das principais causas de morte por câncer nos países industrializados. O tratamento cirúrgico padrão para câncer da cabeça da glândula e anormalidades pré-cancerosas é a remoção parcial do pâncreas, juntamente com o duodeno anexado, conhecido como duodenopancreatectomia.
A remoção do duodeno requer a restauração da via digestiva do estômago para o resto do intestino. Isso pode ser feito unindo-o ao jejuno (segunda parte do intestino delgado) na frente (antecólica) ou atrás (retrocólica) do intestino grosso sobrejacente (cólon transverso).
Mensagens-chave
- A reconstrução antecólica do intestino pode não reduzir o retardo do esvaziamento gástrico após a remoção cirúrgica parcial da cabeça pancreática e do duodeno.
- Nossos resultados não sugerem diferenças relevantes entre as duas técnicas em outras morbidades, mortalidade, tempo de internação e qualidade de vida.
Objetivo da revisão
Os autores queriam descobrir se uma das duas vias de reconstrução mencionadas acima traz algum benefício ao paciente, reduzindo o retardo do esvaziamento gástrico (esvaziamento do estômago após a ingestão de alimentos), mortalidade pós-operatória (óbito) e outras complicações, como fístula pancreática (vazamento de suco pancreático), reoperação, medidas perioperatórias (antes, durante e após a operação) ou tempo de internação.
O retardo no esvaziamento gástrico foi o desfecho primário da revisão por ser uma das complicações mais frequentes após duodenopancreatectomia, ele pode dificultar a ingestão de qualquer coisa por via oral e interferir na qualidade de vida do paciente, muitas vezes resultando em uma internação prolongada e atraso no tratamento adicional.
O que os autores fizeram?
A equipe buscou estudos que comparassem reconstrução antecólica com retrocólica em pacientes submetidos à remoção parcial do pâncreas junto com o duodeno. Os autores compararam e resumiram os resultados dos estudos e avaliaram a confiança nas evidências, com base em fatores como métodos e tamanhos de estudo.
Achados dos autores
Foram incluídos oito ensaios clínicos randomizados (relatados em 11 publicações), relatando dados de um total de 818 participantes adultos, submetidos à duodenopancreatectomia por qualquer doença pancreática.
Resultados principais
Não foram identificadas diferenças relevantes no retardo do esvaziamento gástrico; mortalidade pós-operatória; fístula pancreática pós-operatória ou outras complicações, reoperações, ou tempo de internação.
A qualidade de vida, relatada apenas para um subconjunto de participantes em um estudo, não diferiu entre os dois grupos. Nossos resultados não sugerem diferenças relevantes entre a reconstrução antecólica e retrocólica da gastro ou duodenojejunostomia após duodenopancreatectomia parcial.
Quais são as limitações da evidência?
A confiança nos resultados é limitada porque os resultados dos estudos variaram muito, e a maioria dos estudos envolveu apenas um pequeno número de pessoas. A maioria dos estudos utilizou métodos propensos a introduzir erros. Portanto, os resultados devem ser interpretados à luz dessas limitações.
Conclusão dos autores
Houve evidência de baixa a moderada certeza sugerindo que a reconstrução antecólica após duodenopancreatectomia parcial resulta em pouca ou nenhuma diferença na morbidade, mortalidade, tempo de internação ou qualidade de vida.
Devido à heterogeneidade nas definições dos desfechos entre os estudos e às diferenças no manejo pós-operatório, pesquisas futuras devem basear-se em desfechos claramente definidos e manejo perioperatório padronizado, para potencialmente elucidar as diferenças entre esses dois procedimentos.
Novas estratégias devem ser avaliadas para profilaxia e tratamento de complicações comuns, como retardo do esvaziamento gástrico.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
“Antecolic versus retrocolic reconstruction after partial pancreaticoduodenectomy” – 2022
Autores do estudo: Hüttner FJ, Klotz R, Ulrich A, Büchler MW, Probst P, Diener MK – Estudo