Efeitos da doença falciforme são piores durante a gravidez

Pacientes com doença falciforme (DF) nos últimos anos continuaram a ter um risco muito maior de resultados adversos da gravidez, incluindo morte, em comparação com a população em geral, descobriram os pesquisadores.

A taxa de mortalidade materna em partos envolvendo pacientes com DF foi 10 a 26 vezes maior quando comparada com partos entre negros e não negros sem DF, respectivamente, relataram Lydia Pecker, MD, MHS e colegas da Johns Hopkins University em Baltimore, no JAMA Open Network.

Especificamente, usando dados da National Inpatient Sample (NIS) abrangendo os anos de 2012-2018, Pecker e seus colegas mostraram que a taxa de mortalidade materna foi de 13,3 por 10.000 partos com DF versus 1,2 e 0,5 por 10.000 partos entre as populações negra e não negra sem DCS.

Isso se compara com dados de 2000-2003 mostrando uma taxa de mortalidade de 7,2 por 10.000 partos entre pessoas com DF.

“Nacionalmente, as medidas de mortalidade materna e morbidade materna grave para pessoas com doença falciforme não melhoraram em quase duas décadas”, disse Pecker. Embora os conjuntos de dados administrativos “pintem um quadro nacional sombrio de morbidade materna grave para mulheres com doença falciforme, existem várias oportunidades para ação”, disse ela.

Pecker sugeriu que a legislação federal deveria incluir financiamento para cuidados abrangentes e multidisciplinares para gestantes com DF, que idealmente incluiriam especialistas em DF e obstetrícia de alto risco. Além disso, ela disse que é necessária uma ação do governo federal para lidar com a disponibilidade limitada de dados abrangentes e de alta qualidade sobre os cuidados com a DF em todo o país.

Detalhes do estudo

Neste estudo, os pesquisadores analisaram uma amostra de mais de 5,4 milhões de partos, dos quais 3.091 foram partos entre grávidas com DF (84% das quais eram negras) e 742.164 partos entre negras.

Quando comparados com o grupo de controle não negro, as pessoas com DF e aquelas com raça negra eram mais propensas a serem mais jovens, ter seguro público e viver em áreas com maior proporção de domicílios abaixo da renda mediana.

Pecker e seus colegas mostraram que, em comparação com o grupo de controle não-negro, os partos com DF tinham chances várias vezes maiores de morbidade materna grave. As chances eram particularmente altas para eventos cerebrovasculares, tromboembolismo e síndrome do desconforto respiratório agudo.

Os autores também analisaram como as disparidades raciais contribuíram para o risco de morbidade materna grave e outros resultados adversos e determinaram que o risco médio de excesso atribuível às desigualdades raciais foi de 28,9%, com as disparidades raciais respondendo por cerca de metade do risco aumentado de DF partos por insuficiência renal aguda, morte fetal intrauterina e eclâmpsia.

Pecker e seus colegas também observaram que os partos de pessoas negras e com anemia falciforme tinham um risco elevado de cesariana em comparação com a amostra de controle não negra. No entanto, eles relataram que apenas uma pequena proporção do aumento do risco de parto cesáreo entre partos com DF era atribuível a disparidades raciais.

“Este estudo identifica que o racismo estrutural contribui parcialmente para os maus resultados. No entanto, a própria doença falciforme e as estruturas de atendimento para as pessoas com a doença também precisam ser abordadas para reduzir a mortalidade e a morbidade. Há uma profunda necessidade de , cuidado multidisciplinar abrangente e pesquisa para pessoas grávidas com doença falciforme”, disse Pecker.

Seu grupo reconheceu que o NIS não fornecia informações confiáveis sobre paridade, obesidade, tabagismo, atendimento pré-natal ambulatorial ou o envolvimento de consultores de subespecialidades para ajuste no estudo.

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O estudo original foi publicado no JAMA Network Open

* “Severe Maternal Morbidity and Mortality in Sickle Cell Disease in the National Inpatient Sample, 2012-2018” – 2020

Autores do estudo:  Macy L. Early, BA; Ahizechukwu C. Eke, MBChB, PhD; Alison Gemmill, PhD; Sophie Lanzkron, MD, MHS; Lydia H. Pecker, MD, MHS – Estudo

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