COVID-19: Estudo apresenta terapia a partir do plasma sanguíneo de pacientes recuperados

O coronavírus (COVID-19), é uma doença respiratória altamente infecciosa causada por um tipo de coronavírus recém-descoberto. As pessoas infectadas podem não apresentar sinais de contaminação, outras desenvolvem sintomas como febre, tosse, falta de ar e dor de garganta. Em alguns pacientes, a infecção é mais grave e pode causar dificuldades respiratórias, levando a hospitalização, internação em terapia intensiva ou morte. Atualmente ainda não há nenhuma vacina ou tratamento específico disponíveis.

As pessoas que se recuperam do COVID-19 desenvolvem defesas naturais no sangue contra a doença (anticorpos). Esses anticorpos são encontrados em uma parte do sangue chamada de plasma. O plasma do sangue doado por pacientes recuperados e que contém os anticorpos contra o COVID-19, pode ser utilizado para fazer duas preparações: a primeira é o plasma convalescente (que tem os anticorpos) e a segunda é a imunoglobulina hiperimune (mais concentrada, portanto, possui mais anticorpos).

O plasma convalescente e a imunoglobulina hiperimune foram usados com sucesso no tratamento de outros vírus respiratórios. Esses tratamentos (administrados por gotejamento ou injeção), geralmente são bem aceitos, mas podem ocorrer efeitos indesejados.

Qual o objetivo desse estudo?

Os pesquisadores pretendem descobrir se o plasma de pacientes que se recuperaram do COVID-19 é um tratamento eficaz para pessoas que se contaminaram com o vírus, também querem entender os efeitos colaterais que podem ocorrer. O estudo é continuamente revisado à medida que mais evidências tornam-se disponíveis.

Métodos utilizados

No dia 4 de junho de 2020, foram analisados os principais bancos de dados médicos em busca de estudos clínicos sobre o tratamento com plasma convalescente ou imunoglobulina hiperimune para pessoas com COVID-19. Os estudos poderiam ser realizados em qualquer lugar do mundo e incluir participantes de qualquer idade, sexo ou etnia, com a doença leve, moderada ou grave.

Principais resultados

Foram incluídos 20 estudos concluídos com 5443 participantes, dos quais 5211 participantes receberam plasma convalescente. Foi encontrado um estudo controlado randomizado (ECR), com 103 participantes (52 pessoas receberam plasma convalescente). Os ECRs são estudos clínicos em que os pacientes são alocados aleatoriamente para receber o tratamento (grupo de intervenção), para receber um tratamento diferente ou nenhum tratamento (grupo de controle). Os ECRs produzem as melhores evidências.

Mais três estudos não randomizados controlados de intervenções (NRSIs controlados) foram encontrados, com 236 participantes (55 receberam plasma convalescente). Esses NRSIs controlados não alocaram as pessoas aleatoriamente, mas incluíram um grupo de controle de participantes que não recebeu plasma.

Os 16 estudos restantes (5201 pacientes) não foram randomizados e não incluíram um grupo de controle (NRSIs não controlados), mas forneceram informações sobre efeitos indesejados do plasma convalescente.

Para analisar se o plasma convalescente é um tratamento eficaz para o COVID-19, foram avaliados os resultados do ECR e de três NRSIs controlados. Os grupos de controle receberam o atendimento padrão, sem plasma. Não havia evidências suficientes para determinar se o plasma afetou ou não o risco de morte devido a qualquer causa na alta hospitalar, tempo até a morte ou necessidade de suporte respiratório.

Para avaliar os efeitos colaterais do plasma convalescente, também foram analisados os 16 NRSIs não controlados (5201 participantes). A equipe identificou algumas alterações graves, que podem ter relação com o plasma, incluindo óbito, reações alérgicas ou complicações respiratórias. Ainda não se sabe se o plasma convalescente afeta ou não o número de efeitos sérios indesejados.

Nenhum dos estudos incluídos relatou efeitos na qualidade de vida.

Evidência

A certeza nas evidências apresentadas foi muito limitada, porque havia apenas um estudo randomizado e a maioria das pesquisas não utilizou métodos confiáveis para medir os resultados. Além disso, os pacientes receberam vários tratamentos em conjunto com o plasma convalescente, alguns deles já possuíam problemas de saúde subjacentes.

Conclusão

Ainda não há um resultado concreto de que o plasma de pessoas que se recuperaram do COVID-19 é um tratamento eficaz para pacientes hospitalizados com a doença. Não é possível determinar se ele afeta ou não o número de danos graves.

Essas descobertas podem ter relação com a progressão natural da doença, outros tratamentos que os participantes possam ter recebido ou ao plasma. As pesquisas realizadas encontraram 98 estudos em andamento que estão avaliando o plasma convalescente e a imunoglobulina hiperimune, destes, 50 são randomizados. Esta é a primeira atualização do estudo, os pesquisadores afirmam que continuarão incluindo informações na base de dados até a conclusão.

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O estudo completo foi publicado na Cochrane Library

* “Convalescent plasma or hyperimmune immunoglobulin for people with COVID‐19: a living systematic review” – 2020

Autores do estudo: Piechotta V, Chai KL, Valk SJ, Doree C, Monsef I, Wood EM, Lamikanra A, Kimber C, McQuilten Z, So-Osman C, Estcourt LJ, Skoetz N – https://doi.org/10.1002/14651858.CD013600.pub2

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