A diferença na medicação de doenças cardiovasculares para mulheres

As doenças cardiovasculares (DCV) são um grupo de doenças que envolvem o coração ou os vasos sanguíneos. Inclui pressão alta (hipertensão), doença arterial coronariana, ataques cardíacos, insuficiência cardíaca, problemas nas válvulas cardíacas e ritmos cardíacos anormais. As DCV podem agir de forma diferente em homens e mulheres, exigindo potencialmente abordagens distintas para o diagnóstico e tratamento, assim obtendo resultados variados.

Diferenças de gênero nas DCV

A falta de conscientização sobre as doenças cardíacas nas mulheres pode levar os médicos a não conseguirem fazer um diagnóstico eficiente. Por exemplo, enquanto a frequência de DCV tende a ser menor nas mulheres antes da menopausa do que nos homens, a frequência aumenta drasticamente após a menopausa, esse aumento é responsável por aproximadamente uma em cada três mortes.

Além disso, muitos dos sinais e sintomas habituais da DCV são baseados em pesquisas médicas realizadas em homens. Por exemplo, a associação de dor no peito como um sintoma típico de ataque cardíaco.

Embora homens e mulheres possam sentir dor no peito, é mais provável que as mulheres apresentem sintomas atípicos, como náusea ou vômito, falta de ar, tontura ou mesmo nenhum sintoma (64% das mulheres que morreram repentinamente da doença cardíaca coronária não apresentavam sintomas anteriores).

As diferenças fisiológicas subjacentes nas DCV em ambos os gêneros também podem resultar em diagnóstico e tratamento menos agressivos em mulheres.

Os homens desenvolvem mais comumente bloqueios das principais artérias cardíacas, enquanto as mulheres geralmente apresentam doenças das pequenas artérias (disfunção microvascular), o que pode tornar o tratamento mais desafiador.

Tratamentos para controlar e prevenir as DCV

Muitos medicamentos são rotineiramente usados para prevenir as DCV antes que elas ocorram ou para prevenir que a doença existente se agrave.

  • Estatinas: uma família de medicamentos para baixar o colesterol
  • Aspirina: 81 mg por dia é amplamente recomendado para pessoas com doença arterial coronariana estabelecida ou para pessoas que já tiveram um ataque cardíaco
  • Medicamentos para pressão arterial: existem várias classes de medicamentos para pressão arterial, incluindo inibidores da ECA, diuréticos, betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio

Outros medicamentos são usados ​​para tratar tipos específicos de DCV, como fibrilação atrial e insuficiência cardíaca.

Existe diferença em como os medicamentos para DCV são prescritos para ambos os gêneros?

Uma pesquisa recente estudou se medicamentos comuns para DCV foram prescritos de maneira distinta para homens e mulheres. A pesquisa – que foi uma meta-análise – investigou especificamente as prescrições realizadas de aspirina, estatinas e medicamentos para pressão arterial.

Os autores examinaram 43 estudos que incluíram mais de dois milhões de pacientes. Eles descobriram que as mulheres eram significativamente menos propensas a receber prescrição de aspirina, estatinas e inibidores ECA (um tipo de medicamento para pressão arterial), em comparação aos homens.

Embora o grupo tenha aplicado uma cuidadosa análise estatística aos dados de uma grande amostra de pacientes, existem algumas limitações importantes para o estudo. A análise não considerou diferenças nos diagnósticos cardiovasculares individuais entre mulheres e homens, a fim de determinar a adequação das prescrições de medicamentos. Além disso, não foram analisados outros medicamentos comuns utilizados para tratar fibrilação atrial ou insuficiência cardíaca. Finalmente, a pesquisa examinou apenas prescrições dos prestadores de cuidados primários e não considerou os medicamentos que poderiam ter sido indicados por cardiologistas.

No geral, o estudo acredita que as mulheres têm menos probabilidade de receber medicações cardíacas recomendadas pelas diretrizes.

São necessárias mais pesquisas para entender o motivo das diferenças existirem, mas provavelmente elas estão relacionadas, ao menos em parte, às diferenças de gênero subjacentes nas DCV discutidas.

O que as pessoas precisam saber para garantir que estão recebendo os melhores tratamentos?

Independentemente de idade e histórico médico, toda pessoa deve visitar rotineiramente o seu médico e manter-se atualizada sobre exames de DCV recomendados, assim como sempre realizar as verificações de colesterol, diabetes e pressão arterial.

Durante as consultas é importante questionar ao profissional sobre o risco individual para DCV, também é necessário falar sobre os riscos e benefícios quando se trata de medicamentos cardiovasculares. Por último, é essencial estar ciente dos sinais e sintomas da DCV.

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Estudo original publicado no Journal of the American Heart Association

* “Sex Differences in Cardiovascular Medication Prescription in Primary Care: A Systematic Review and Meta‐Analysis” – 2020

Autores do estudo: Min Zhao, Mark Woodward, Ilonca Vaartjes, Elizabeth R. C. Millett, Kerstin Klipstein‐Grobusch, Karice Hyun, Cheryl Carcel, and Sanne A. E. Peters – https://doi.org/10.1161/JAHA.119.014742

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