A hidroxicloroquina e azitromicina podem ter um sério impacto no sistema cardiovascular e são uma combinação potencialmente letal, de acordo com uma grande análise de um banco de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre reações adversas a medicamentos.
O estudo, é uma meta-análise retrospectiva observacional de um banco de dados da OMS que abrange mais de 21 milhões de relatórios de casos adversos em todas as classes de medicamentos de mais de de 130 países entre 14 de novembro de 1967 e 1º de março de 2020, principalmente antes da pandemia do COVID-19.
O estudo comparou reações cardiovasculares adversas a medicamentos (CV-ADRs) em pacientes que receberam hidroxicloroquina e azitromicina ou a combinação de ambos os medicamentos com todos os outros medicamentos cardiovasculares no banco de dados. A hidroxicloroquina e azitromicina, isoladamente ou em combinação, foram propostas para o tratamento de pacientes com COVID-19.
Dos mais de 21 milhões de relatos de casos de reações adversas a medicamentos, os pesquisadores extraíram relatos de casos de hidroxicloroquina e azitromicina, isoladamente ou em combinação:
A análise constatou:
Os pesquisadores concluem que “relatos de efeitos pro-arritmogênicos cardíacos agudos potencialmente letais [promovendo ritmos cardíacos irregulares] foram descritos principalmente com azitromicina, mas também com hidroxicloroquina. Sua combinação produziu um sinal ainda mais forte. A cloroquina também foi associada à insuficiência cardíaca potencialmente letal. Embora os números absolutos de casos sejam baixos, esses CV-ADRs são importantes a serem considerados no cenário de pacientes com COVID-19 que podem apresentar fatores de risco adicionais para LQT/TdP, incluindo inflamação com interleucina-6 elevada, hipocalemia, numerosos medicamentos interativos, bradicardia e doses mais altas de hidroxicloroquina”.
Conforme detalhado na orientação conjunta da American Heart Association de 8 de abril de 2020, “Considerações para interações medicamentosas no QTc no tratamento exploratório COVID-19 (doença de coronavírus 2019)”, sabe-se que ambos os medicamentos têm complicações potencialmente graves para pessoas com doenças cardiovasculares, incluindo aumento do risco de morte súbita e o efeito no intervalo QT ou no risco de arritmia desses dois medicamentos combinados não foi estudado.
“A hidroxicloroquina e a azitromicina aumentaram a toxicidade cardiovascular, não devem ser administradas fora de um estudo clínico e requerem monitoramento e tratamento cardiovascular adicional próximo”, disse Mariell Jessup, Diretor Médico e de Ciência da American Heart Association.
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O estudo foi publicado ontem no Circulation, o principal jornal da Associação Americana de Cardiologia.
* “Considerations for Drug Interactions on QTc in Exploratory COVID-19 (Coronavirus Disease 2019) Treatment”
Autores do estudo: Dan M. Roden, Robert A. Harrington, Athena Poppas, and Andrea M. Russo – 10.1161/CIRCULATIONAHA.120.047521
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