Ex-fumantes têm risco maior de desenvolverem problemas de saúde

Entre ex-fumantes mais velhos, foi demonstrada uma forte correlação entre o tempo de tabagismo e a saúde. Pessoas que possuem um histórico maior de tabagismo foram associadas à um risco aumentado para problemas de saúde em geral, como doença a pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a doença crônica, de acordo com uma pesquisa realizada pelo CDC.

Em dados nacionais (Estados Unidos) foi observada uma relação em pessoas com 65 anos ou mais que já fumaram com uma associação linear entre anos de tabagismo ativo e risco de saúde ruim, relatou Ellen A. Kramarow, PhD, do CDC em Atlanta, para os Relatórios Nacionais de Saúde.

Pesquisa realizada nos EUA

Com base nos dados disponíveis no National Health Interview Survey (NHIS) de 2018 (estes que foram ajustados para idade, sexo, raça, origem hispânica e educação) foi realizada uma análise que vinculou vários resultados negativos à saúde com o aumento da duração do fumo:

  • Saúde ruim ou regular: 17,8% (duração do fumo ≤ 10 anos), 20,3% (>10 e <25 anos), 23,4% (25 a <40 anos) e 28,5% (≥40 anos)
  • DPOC: 9,1%, 12,2%, 20,3% e 32,7%
  • Pelo menos quatro condições crônicas: 18,1%, 17,2%, 23,3% e 26,1%
  • Limitações na vida social: 8,6%, 9,1%, 10,7% e 14,2%

Kramarow disse ao MedPage Today que embora os benefícios para a saúde de parar de fumar sejam numerosos e bem caracterizados, pouco se sabe sobre os riscos à saúde associados ao fumo no passado entre ex-fumantes mais velhos.

Os adultos mais velhos nos EUA têm maior probabilidade do que os jovens de ter um histórico de tabagismo, com ex-fumantes representando 21% da população geral do NHIS em 2018, sendo 40% dos participantes da pesquisa com idade de 65 anos ou mais. Esses 40% representam quase metade dos homens na faixa etária de 65 anos e um terço das mulheres.

Parar de fumar está associado a benefícios imediatos e a longo prazo para a saúde, como a melhora da função pulmonar e risco reduzido de ataque cardíaco e derrame.

Entre os ex-fumantes, com 65 anos ou mais, que participaram do NHIS 2018, mais da metade relatou fumar por 25 anos ou mais, com 23,5% de fumantes por 40 anos ou mais e 31% de fumantes de 25 a 40 anos.

Cerca de 18% relataram ter fumado por menos de uma década e 27,6% admitiram fumar por mais de 10 anos e menos de 25 anos.

Aproximadamente três quartos dos ex-fumantes mais velhos começaram a fumar aos 20 anos de idade e 93% daqueles que fumaram por menos de uma década relataram ter parado de fumar 40 anos antes ou mais.

Por outro lado, entre os ex-fumantes mais velhos que fizeram uso do cigarro há mais de 40 anos, 37,4% relataram parar de fumar nos últimos 5 anos e 57,3% relataram ter parado de fumar há mais de 5 anos e menos de 25 anos antes de participar da pesquisa de 2018.

Como o estudo foi conduzido

A análise dividiu os ex-fumantes mais velhos em quatro categorias de duração do tabagismo: 10 anos ou menos, mais de 10 anos e menos de 25 anos, de 25 a 40 anos e 40 anos ou mais.

Kramarow observou que o estudo tinha limitações significativas, incluindo a incapacidade de controlar há quanto tempo um ex-fumante parou de fumar. O tempo de tabagismo foi estabelecido com base nas respostas às perguntas: “Quantos anos você tinha quando começou a fumar regularmente?” e “Quanto tempo faz desde que você parou de fumar?”

“Pode haver efeitos independentes do tempo em que você deixou de fumar na saúde entre ex-fumantes idosos”, escreveu ela. “Medido em um ponto no tempo, é difícil separar o impacto do número de anos fumados do tempo desde parou com o vício, porque eles são altamente correlacionados”.

Também faltava informação sobre a intensidade do tabagismo – se os ex-fumantes eram fumantes leves ou pesados. A pesquisa também não perguntou sobre o uso de outros produtos que poderiam conter tabaco.

Conclusão do estudo

Apesar das limitações, Kramarow disse ao MedPage Today que todas as descobertas reforçam as evidências de uma relação dose-resposta entre o tabagismo e problemas de saúde, ela também acrescentou que os médicos que cuidam de pacientes mais velhos precisam perguntar sobre o histórico de tabagismo dos mesmos.

“Ao considerar a saúde das pessoas idosas, vale lembrar que uma proporção significativa é de ex-fumantes”, disse ela. “O histórico de fumante provavelmente ainda é relevante, mesmo que alguém tenha parado de fumar décadas atrás.”

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O estudo original foi publicado no National Health Statistics Reports

* “Health of Former Cigarette Smokers Aged 65 and Over: United States, 2018” – 2020

Autora do estudo: Ellen A. Kramarow, Ph.D. – https://www.cdc.gov/nchs/data/nhsr/nhsr145-508.pdf

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