Efeitos de anticoagulantes em pacientes com mieloma múltiplo
O risco de coágulos sanguíneos é alto em pessoas com câncer no sangue, especialmente naquelas que têm mieloma múltiplo, câncer que começa nas células plasmáticas, um tipo de glóbulo branco. Lenalidomida, pomalidomida e talidomida são tratamentos comuns para mieloma múltiplo que, quando combinados com outros agentes quimioterápicos, mostraram aumentar o risco de coágulos sanguíneos.
Características do estudo
Os autores pesquisaram os bancos de dados científicos para ensaios clínicos que examinam os efeitos de diferentes anticoagulantes em coágulos sanguíneos em pessoas com mieloma múltiplo recebendo agentes imunomoduladores (lenalidomida, pomalidomida e/ou talidomida).
Os estudos analisaram a sobrevivência, coágulos sanguíneos nos membros ou no pulmão e/ou hemorragia. As evidências são atuais até 14 de junho de 2021.
Principais resultados
Foram incluídos quatro estudos envolvendo um total de 1.042 pessoas com mieloma múltiplo. Os estudos incluídos fizeram as seguintes comparações: aspirina (medicamento oral usado para prevenir coágulos sanguíneos) com antagonista da vitamina K (VKA) (diluente do sangue oral – um estudo); aspirina para heparina de baixo peso molecular (HBPM – diluente do sangue injetável – dois estudos); VKA para LMWH (um estudo) e aspirina para anticoagulantes orais diretos (diluente do sangue oral – dois estudos).
Em pessoas com mieloma múltiplo recebendo talidomida, os dados não fornecem uma resposta clara sobre o efeito comparativo dessas drogas em todos os desfechos estudados (morte, coágulos sanguíneos, sangramento).
Certeza da evidência
Ao realizar a comparação entre a aspirina com VKA, aspirina com LMWH ou VKA com LMWH, a certeza da evidência foi muito baixa para todos os desfechos estudados (morte, coágulos sanguíneos nos membros ou no pulmão e sangramento).
Ao comparar a aspirina aos anticoagulantes orais diretos, a certeza das evidências foi muito baixa para todos os desfechos estudados (morte, coágulos sanguíneos nos membros ou no pulmão e sangramento).
Implicações para a Prática
A evidência atualmente disponível a respeito dos efeitos comparativos da aspirina, antagonista da vitamina K, heparina de baixo peso molecular ou anticoagulantes orais diretos na mortalidade por todas as causas, trombose venosa profunda sintomática ou eventos hemorrágicos é inconclusiva.
A escolha da terapia antitrombótica em pessoas com mieloma múltiplo na ausência de uma indicação terapêutica ou profilática padrão deve equilibrar os benefícios e danos e integrar os valores e preferências dos pacientes para resultados e opções de tratamento (Haynes 2002).
Em diferentes ambientes de prática, e considerando a preferência do paciente, a profilaxia com aspirina, antagonista da vitamina K ou anticoagulantes orais diretos pode ser uma opção razoável.
Conclusão dos autores
A certeza das evidências disponíveis para os efeitos comparativos de ASA, VKA, LMWH e DOAC em todas as causas de mortalidade, TVP, EP ou sangramento foi baixa ou muito baixa.
Pessoas diagnosticadas com mieloma múltiplo que consideram agentes antitrombóticos devem equilibrar os possíveis benefícios da redução das complicações tromboembólicas com os possíveis danos e carga dos anticoagulantes.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
“Antithrombotic therapy for ambulatory patients with multiple myeloma receiving immunomodulatory agents” – 2021
Autores do estudo: Kahale LA, Matar CF, Tsolakian I, Hakoum MB, Yosuico VED, Terrenato I, Sperati F, Barba M, Hicks LK, Schünemann H, Akl EA – Estudo