Uso frequente de cannabis pode fazer mal na hora de dormir

Embora algumas pessoas recorram à maconha como um auxílio para dormir porque as deixa sonolentas e relaxadas, um grande estudo novo mostra que ela pode interferir no descanso adequado, especialmente em usuários frequentes.

Embora as diretrizes da National Sleep Foundation (EUA) sugiram que adultos saudáveis ​​durmam entre sete e nove horas por noite, uma investigação publicada em 17 de dezembro no jornal Regional Anesthesia & Pain Medicine do The BMJ descobriu que os usuários recentes de cannabis tinham maior probabilidade de não obter um sono ideal do que aqueles que não o fizeram.

Observando as respostas de 21.729 adultos entre 20 e 59 anos que participaram da National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), os pesquisadores da University of Toronto descobriram que os 3.132 que se identificaram como consumidores recentes de maconha tinham mais de um terço de probabilidade de apresentar relatórios curtos de sono (menos de seis horas à noite) e 56 por cento mais probabilidade de ter um sono longo (mais de nove horas à noite).

O sono noturno para a população do estudo como um todo durou em média pouco menos de sete horas. Cerca de 12% dormiam menos de seis horas, enquanto 4% dormiam mais que nove horas todas as noites.

Os usuários recentes de maconha também tiveram uma probabilidade 31% maior de problemas para adormecer, permanecer dormindo ou dormir muito nas duas semanas anteriores. Quase 3 em cada 10 eram mais propensos a discutir um problema de sono com um médico. Os pesquisadores notaram, no entanto, o uso recente não parece afetar a sonolência diurna.

Os dados também sugeriram que, à medida que o consumo aumentava, também aumentava a probabilidade de um sono prejudicial à saúde. Aqueles que se identificaram como usuários moderados (consumindo cannabis em menos de 20 dos 30 dias anteriores) tiveram 47% mais probabilidade de dormir nove ou mais horas por noite em comparação com os não usuários.

Para os usuários frequentes ​​(que disseram ter consumido 20 ou mais dos 30 dias anteriores), a probabilidade de dormir nove ou mais horas saltou para 76 por cento. Em comparação com os não usuários, esse grupo também tinha 64% mais probabilidade de dormir pouco.

“Há um grande equívoco sobre o papel que a cannabis pode ter como um auxílio para dormir”, disse Evan Winiger, um pesquisador de pós-doutorado que tem estudado os efeitos da maconha no sono na University of Colorado Anschutz, em uma entrevista ao College of Arts and Sciences. Winiger, que não esteve envolvido no novo estudo, disse que o uso regular de maconha pode atrapalhar a maneira como o sono repara, organiza e consolida as memórias.

Os pesquisadores da University of Toronto alertam ainda que a privação e a insuficiência do sono se tornaram um grande problema de saúde pública nos Estados Unidos.

Um em cada três americanos não dorme o suficiente, de acordo com os Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Problemas crônicos de sono podem ajudar a desencadear uma série de problemas de saúde, incluindo ataques cardíacos, derrames, distúrbios psiquiátricos e dor crônica.

Como o consumo de maconha na América do Norte disparou à medida que mais estados descriminalizaram seu uso, os cientistas esperam que os problemas de sono continuem aumentando também.

“O aumento da prevalência do uso de cannabis e da privação de sono na população é uma causa potencial de preocupação”, escreveram os autores do estudo. “Apesar da literatura atual demonstrar efeitos mistos da cannabis e várias formulações de canabinoides na arquitetura e qualidade do sono, esses agentes estão sendo cada vez mais usados ​​como terapias experimentais prescritas e não prescritas para distúrbios do sono. Dada a crescente prevalência do uso de cannabis, estudos futuros devem continuar explorando a relação com o sono humano.”

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O estudo original foi publicado no The BMJ

“Recent cannabis use and nightly sleep duration in adults: a population analysis of the NHANES from 2005 to 2018

Autores do estudo: Calvin Diep, Chenchen Tian1, Kathak Vachhani, Christine Won, Duminda N Wijeysundera, Hance Clarke, Mandeep Singh, Karim S Ladha – Estudo