Pesquisa avalia interrupção de inibidores no tratamento da demência

Demência é o termo usado para descrever um grupo de doenças, geralmente se desenvolvendo na idade avançada, nas quais há uma deterioração na capacidade de uma pessoa de pensar, lembrar, comunicar e gerenciar as atividades diárias de forma independente. Pode ser causada por várias doenças cerebrais diferentes, mas a forma mais comum é a demência devido à doença de Alzheimer.

No momento, não há tratamentos médicos que possam prevenir a demência ou pará-la de progredir, mas existem duas classes de medicamentos – os inibidores da colinesterase (donepezil, rivastigmina e galantamina) e memantina – que são aprovados e amplamente prescritos para tratar alguns dos os sintomas.

Eles são usados ​​principalmente para demência devido à doença de Alzheimer, mas às vezes também para outros tipos de demência. A maioria dos ensaios que estudam os efeitos dessas drogas têm sido bastante curtos (normalmente seis meses), embora a demência geralmente dure anos.

Os medicamentos podem ter efeitos colaterais indesejados em algumas pessoas. Há incertezas sobre seus efeitos em longo prazo e sobre o quão úteis eles são para a demência grave, com diferentes países fazendo recomendações diferentes. Portanto, pode ser difícil para médicos e pacientes decidir se e quando esses medicamentos devem ser interrompidos depois de iniciados.

Qual foi o objetivo da revisão?

O objetivo da revisão foi resumir as melhores evidências sobre se a interrupção dos inibidores da colinesterase ou da memantina foi benéfica ou prejudicial para pessoas com demência que os tomavam por pelo menos dois meses.

O que fizemos

Os autores realizaram pesquisas até outubro de 2020 por ensaios que tinham recrutado pessoas com demência que estavam tomando um inibidor da colinesterase ou memantina, ou ambos.

Eles dividiu-os aleatoriamente em um grupo de pacientes que continuaram o tratamento e um grupo de pacientes que interromperam o tratamento e comparou o que aconteceu nos dois grupos.

Achados dos autores

Foram encontrados sete ensaios (759 participantes) para incluir na revisão. Todos os participantes tiveram demência devido à doença de Alzheimer, mas em alguns ensaios, a doença foi leve a moderada e em outros, foi moderada a grave ou muito grave. Seis estudos investigaram os efeitos da interrupção de um inibidor da colinesterase e um estudo investigou a interrupção de um inibidor da colinesterase (especificamente, donepezil) ou memantina.

A equipe decidiu não combinar seus resultados com os outros seis testes. Os efeitos foram medidos em diferentes períodos de tempo em diferentes ensaios. Foram analisados separadamente os efeitos nos primeiros 2 meses (curto prazo), entre 3 e 11 meses (médio prazo) e após um ano ou mais (longo prazo).

Quando os autores examinaram o efeito sobre as habilidades de pensamento e memória, eles descobriram que, em comparação com a interrupção do tratamento, continuar o tratamento com um inibidor da colinesterase pode ser benéfico a curto e médio prazo e provavelmente é benéfico a longo prazo. Para a capacidade de realizar as atividades diárias, pode haver pouco ou nenhum efeito no curto prazo, e o efeito no médio prazo era muito incerto, mas provavelmente há um benefício em continuar o tratamento no longo prazo.

Para problemas de humor e de comportamento, continuar o tratamento pode trazer benefícios a curto e médio prazo, mas não a longo prazo. Não foi encontrada nenhuma evidência clara sobre os efeitos da interrupção dessas drogas na saúde física dos pacientes ou risco de morte. Havia muito pouca evidência sobre os efeitos na qualidade de vida ou na probabilidade de se mudar para uma casa de saúde para morar. Não havia evidências suficientes para vermos se os resultados diferiam com a gravidade da demência.

A certeza nos resultados variou de moderada a muito baixa, principalmente por causa do pequeno número de ensaios e participantes, alguns problemas com a forma como os ensaios foram conduzidos e resultados estatísticos imprecisos.

Conclusão dos autores

Embora houvesse incerteza sobre os resultados, a maioria das evidências apontava para os benefícios de continuar o tratamento com inibidores da colinesterase.

Não havia evidências sobre outros tipos de demência além da doença de Alzheimer, e a equipe não foi capaz de tirar conclusões específicas sobre continuar ou interromper o tratamento em diferentes estágios da doença. Não foram localizados estudos que investigassem apenas a interrupção da memantina.

Esses resultados podem ajudar os pacientes e seus médicos a tomarem decisões sobre continuar ou não o tratamento, embora outros fatores, como efeitos colaterais em um paciente individual e as preferências do paciente, também sejam importantes.

A revisão sugere que a descontinuação dos inibidores da colinesterase pode resultar em pior estado cognitivo, neuropsiquiátrico e funcional do que a continuação do tratamento, embora isso seja apoiado por evidências limitadas, quase todas de certeza baixa ou muito baixa.

Como todos os participantes tinham demência devido à doença de Alzheimer, nossos achados não são transferíveis para outros tipos de demência. Os autores não foram capazes de determinar se os efeitos da interrupção dos inibidores da colinesterase diferiam com a gravidade da demência basal.

Atualmente, não há evidências para orientar as decisões sobre a interrupção da memantina. Há uma necessidade de mais ECRs bem projetados, em uma variedade de cenários e gravidades de demência.

Ao tomar decisões sobre a descontinuação desses medicamentos, os médicos devem ter cautela, considerando as evidências de estudos existentes junto com outros fatores importantes para os pacientes e seus cuidadores.

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O estudo original foi pulicado na Cochrane Library

* “Stopping or continuing anti-dementia drugs in patients with dementia” – 2021

Autores do estudo: Parsons C, Lim WY, Loy C, McGuinness B, Passmore P, Ward SA, Hughes C – Estudo

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