A ingestão de ômega 3 pode ajudar a proteger o cérebro!
Os níveis de ácidos graxos ômega 3 podem enfraquecer a relação inversa entre a exposição ambiental de partículas finas e o envelhecimento cerebral. Essa é a proposta apresentada por um estudo de coorte prospectivo.
As mulheres mais velhas expostas a altos níveis de poluição do ar que apresentavam níveis mais baixos de ácido graxo poliinstaurado ômega 3 no sangue tinham volumes cerebrais menores do que as mulheres com os níveis mais altos de ômega 3, relatou Ka He, MD, da Columbia University em Nova York e demais autores.
O papel do ômega 3 no organismo
A exposição ao material particulado com 2,5 mícrons ou menos de largura (PM2,5) foi atrelada ao menor volume cerebral. Níveis mais altos de ácidos graxos ômega 3 atenuaram associações inversas entre a exposição ao PM2,5 e os volumes de substância branca no cérebro total e nas áreas frontal, parietal e temporal (todos P para interação <0,05), afirmaram os pesquisadores.
“A matéria das partículas finas é muito pequena, a PM2,5, por exemplo, é 30 vezes menor que a largura de um cabelo”, explicou o autor do estudo, Cheng Chen, PhD, também da Universidade de Columbia.
“Como essas partículas são muito pequenas, elas podem entrar pelo trato respiratório diretamente no sistema de circulação sanguínea”, disse Chen ao MedPage Today. “Com o fluxo sanguíneo para o corpo, eles podem causar danos a outros sistemas, incluindo o cérebro”.
Foi mostrado que o óleo de peixe “reduz os danos cerebrais causados pela exposição a outras neurotoxinas ambientais, incluindo chumbo e metilmercúrio”, explicou a autora. “Mas nenhum estudo examinou se o óleo de peixe oferece proteção semelhante contra a exposição ao PM2,5. Por isso iniciamos esta investigação”.
Pesquisas anteriores também revelaram que níveis mais baixos de ácidos graxos ômega 3 no sangue estavam relacionados a volumes menores do cérebro e pior desempenho cognitivo.
Como o estudo foi realizado
Nesta pesquisa, os colaboradores analisaram dados de participantes do estudo Women’s Health Initiative Memory Study-Magnetic Resonance Imaging (WHIMS-MRI). O grupo incluiu 1.315 mulheres com idade média de 70 anos na linha de base (1996-1999), livres de demência e submetidas à RM estrutural em 2005-2006. Nove dos 10 participantes eram brancos.
A partir de amostras de sangue basais, os pesquisadores investigaram a composição de ácidos graxos da membrana eritrocitária, definindo o índice de ômega 3 como a soma do ácido docosahexaenóico da membrana (DHA) e do ácido eicosapentaenóico (EPA).
Os autores também avaliaram a ingestão de ácidos graxos ômega 3 e o consumo de peixes na triagem inicial usando um questionário semi-quantitativo de frequência alimentar. O consumo de peixe foi dividido em grupos de peixes fritos e não fritos.
A equipe definiu a ingestão de ômega 3 como a soma das doses de DHA e EPA na dieta. Informações sobre frequência de uso e dosagem de suplementos de óleo de peixe não estavam disponíveis.
Os endereços dos participantes foram coletados prospectivamente em cada visita à clínica e atualizados pelo menos uma vez por semestre. Eles foram geocodificados e usados em um modelo que incorporou dados da Agência de Proteção Ambiental para estimar a exposição média à PM2,5 em três anos antes da RM.
Após o ajuste para possíveis fatores de imprecisão, os pesquisadores descobriram que mulheres com níveis mais altos de ácidos graxos poliinsaturados ômega 3 de cadeia longa nos glóbulos vermelhos tinham volumes significativamente maiores de substância branca e hipocampo. Para cada incremento interquartil (2,02%) no índice ômega 3, o volume médio foi 5,03 cm³ (P<0,01) maior na substância branca e 0,08 cm³ (P=0,03) maior no hipocampo.
As participantes que vivem em locais com maior exposição ambiental a PM2,5 apresentaram um volume significativamente menor de substância branca. Para cada aumento do quartil nos níveis de PM2,5, o volume médio de substância branca foi 11,52 cm³ menor nas mulheres com níveis mais baixos de ácidos graxos ômega 3 e 0,12 cm3 menor nas mulheres com níveis mais altos (P<0,0001).
Conclusão dos autores
Resultados consistentes foram encontrados para a ingestão alimentar de ácidos graxos ômega 3 e de peixes não fritos, observou a equipe. O estudo tinha limitações: a maioria dos participantes eram mulheres brancas e mais velhas, além disso só foi analisada a exposição à poluição do ar e não a exposição durante toda a vida útil.
Contudo, as descobertas “fornecem informações úteis sobre como estilos de vida saudáveis e uma dieta saudável podem reduzir os efeitos adversos da poluição do ar no declínio cognitivo e na neurodegeneração”, afirma Chen.
“Estudos laboratoriais futuros podem investigar os mecanismos subjacentes de como o ômega 3 alivia os danos cerebrais induzidos pelo PM2,5”, acrescentou. “Além disso, futuros ensaios clínicos podem demonstrar os efeitos da suplementação de óleo de peixe como uma das estratégias críticas para prevenir a neurotoxicidade induzida por PM2.5”.
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O estudo original foi publicado American Academy of Neurology
* “Erythrocyte omega-3 index, ambient fine particle exposure and brain aging” – 2020
Autores do estudo:
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