Os pesquisadores sabem há muito tempo que alguns genes podem causar câncer quando hiperativos, mas exatamente o que acontece dentro do núcleo celular quando o câncer cresce permanece enigmático. Agora, os pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, descobriram um novo mecanismo capaz de ativar os genes do câncer, uma nova descoberta que cria condições para novas estratégias de combate ao câncer.
Um gene chamado MYC é central para o crescimento celular normal. No entanto, se o gene sofrer mutações e / ou se tornar hiperativo, poderá levar ao crescimento celular anormal e ao câncer. É sabido anteriormente que os chamados super-intensificadores, grandes regiões do DNA que se desenvolvem perto dos genes do câncer, poderiam de alguma forma tornar o gene MYC hiperativo.
O estudo atual aumenta nossa compreensão de como esse processo ocorre, destacando como as sugestões ambientais podem conspirar com a arquitetura do núcleo celular para causar super-expressão. Com a ajuda de novas técnicas de laboratório e modelos de computador, os pesquisadores mostram como a ativação do caminho da molécula de sinal WNT carrega o super-intensificador com proteínas que atraem o gene MYC para os poros do núcleo celular. Os poros estão situados na membrana do núcleo celular e controlam o fluxo de informações entre o núcleo celular e o citoplasma.
Quando o gene MYC é ancorado nos poros nucleares e copiado no chamado RNA mensageiro (mRNA), aumenta significativamente a probabilidade de que seu mRNA seja exportado do núcleo celular para o citoplasma. O mRNA funciona como um modelo para a formação da proteína MYC que controla a capacidade de crescimento da célula. Como o mRNA do MYC não se decompõe tanto no citoplasma quanto no núcleo celular, esse mecanismo gradualmente leva a níveis anormalmente altos da proteína MYC e, assim, ao crescimento descontrolado do câncer.
Ao usar produtos farmacêuticos que eliminavam a sinalização WNT, os pesquisadores conseguiram impedir o super-potenciador de transportar e ancorar o gene MYC aos poros nucleares. Isso resultou em níveis normais da proteína MYC no citoplasma sem afetar a taxa de formação de mRNA no núcleo.
“Nossos resultados oferecem uma perspectiva completamente nova sobre como os genes do câncer podem se tornar hiperativos. Como o princípio é específico para as células cancerígenas, isso abre a possibilidade de novos medicamentos direcionados que não prejudicam as células normais”, diz Anita Göndör, pesquisadora do Departamento de Oncologia-Patologia do Karolinska Institutet, que liderou o estudo junto com Rolf Ohlsson, do mesmo departamento.
O próximo passo será identificar novos medicamentos que interrompam diferentes partes do processo. Os pesquisadores esperam que as descobertas possam se abrir para uma nova geração de tratamentos contra o câncer que sejam menos prejudiciais do que, por exemplo, radiação e quimioterapia, que eliminam muitas células em crescimento normal e têm efeitos colaterais negativos.
“A força do nosso estudo é a identificação de um processo anteriormente desconhecido, que aumenta a possibilidade de encontrar tratamentos combinatórios e, assim, abre caminho para uma terapia significativamente mais eficaz para pacientes com câncer”, diz Rolf Ohlsson.
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O estudo completo foi publicado na revista científica Nature Genetics.
* “WNT signaling and AHCTF1 promote oncogenic MYC expression through super-enhancer-mediated gene gating” – 2019.
Autores: Barbara A. Scholz, Noriyuki Sumida, Carolina Diettrich Mallet de Lima, Ilyas Chachoua, Mirco Martino, Ilias Tzelepis, Andrej Nikoshkov, Honglei Zhao, Rashid Mehmood, Emmanouil G. Sifakis, Deeksha Bhartiya, Anita Göndör & Rolf Ohlsson – s41588-019-0535-3
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