Na fertilização in vitro (FIV), com ou sem injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), a seleção do(s) melhor(es) embrião(s) para transferência é baseada principalmente na avaliação morfológica deles, o que inclui o número de células, a regularidade das células e a presença de fragmentos celulares. Infelizmente, quase dois terços dos casais não engravidam, mesmo após a transferência de embriões de “boa qualidade”.
Uma das causas presumidas é que esses embriões têm um número anormal de cromossomos (aneuploidia). O teste genético pré-implantação para aneuploidia (PGT-A) é uma técnica usada para analisar o número de cromossomos presentes em embriões de fertilização in vitro. No PGT-A, um corpo polar (produto residual da meiose materna), uma ou algumas células do embrião são obtidos por biópsia e testados.
Apenas corpos polares ou embriões com um número normal de cromossomos em cada célula, os chamados ‘embriões euploides’, são transferidos para o útero. A ideia é que isso aumentará a taxa de nascidos vivos por ciclo de FIV iniciado.
Estudos anteriores sobre PGT-A que usaram uma técnica de análise genética chamada hibridização fluorescente in situ (fluorescence in situ hybridisation [FISH]) descobriram que o PGT-A é ineficaz na melhoria das taxas de nascidos vivos.
Desde então, foram desenvolvidas novas metodologias e técnicas em PGT-A que realizam o procedimento em corpos polares ou outras fases do desenvolvimento embrionário e usam diferentes métodos de análise genética (hibridização genômica comparativa de matriz (aCGH) ou sequenciamento de próxima geração (NGS)).
Os pesquisadores fizeram a comparação dos benefícios e riscos da FIV com e sem PGT-A realizada com diferentes técnicas em diferentes estágios: corpo polar ou outro estágio do desenvolvimento do embrião.
O objetivo da revisão foi entender se o teste genético pré-implantação para números anormais de cromossomos aumenta as chances de uma gravidez seguida por um bebê nascido vivo.
Foram incluídos 13 ensaios clínicos randomizados (um tipo de estudo no qual os participantes são designados a um de dois ou mais grupos de tratamento usando um método aleatório) envolvendo um total de 2.794 mulheres. As evidências vão até setembro de 2019.
Biópsia de corpo polar
Não houve evidência suficiente para determinar se há qualquer diferença na taxa cumulativa de nascidos vivos (cLBR) ou taxa de nascidos vivos (LBR) após a primeira transferência de embriões com a adição de PGT-A usando biópsia de corpo polar para FIV.
Pode haver uma redução na taxa de aborto espontâneo com a adição de PGT-A. Nenhum estudo relatou a taxa de gravidez em curso. Também é incerto se a adição de PGT-A com biópsia de corpo polar à fertilização in vitro leva a mais gestações clínicas.
Biópsia em estágio de blastocisto
Nenhum estudo relatado sobre cLBR após a biópsia em estágio de blastocisto. Não se sabe se a adição de PGT-A com biópsia no estágio de blastocisto melhora a LBR após a primeira transferência de embrião ou reduz a taxa de aborto. Nenhum estudo relatou a taxa de gravidez contínua ou taxa de gravidez clínica.
A adição de PGT-A por FISH não aumenta cLBR onde FISH é usado para análise genética. A taxa de nascidos vivos após a primeira transferência de embriões é provavelmente reduzida pela adição de PGT-A.
Provavelmente há pouca ou nenhuma diferença nas taxas de aborto espontâneo entre FIV com e sem PGT-A usando FISH. PGT-A usando FISH pode reduzir gestações em curso e provavelmente reduz as que são clínicas.
A qualidade da evidência variou de baixa a moderada. As principais limitações foram o número limitado de estudos e eventos, inconsistência nas estimativas entre os estudos e indicações de que os resultados podem estar enviesados porque nem todos os estudos elegíveis foram publicados.
Não há evidências de boa qualidade suficientes de uma diferença na taxa cumulativa de nascidos vivos, na taxa de nascidos vivos após a primeira transferência de embriões ou na taxa de aborto espontâneo entre FIV com e FIV sem PGT-A, conforme realizado atualmente.
Não havia dados disponíveis sobre as taxas de gravidez em curso. O efeito da PGT-A na taxa de gravidez clínica é incerto.
As mulheres precisam estar cientes de que é incerto se a PGT-A com o uso de análises de todo o genoma é um acréscimo eficaz à FIV, especialmente em vista da invasividade e dos custos envolvidos na PGT-A. PGT-A usando FISH para a análise genética é provavelmente prejudicial.
A evidência atualmente disponível é insuficiente para apoiar PGT-A na prática clínica de rotina.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
* “Preimplantation genetic testing for aneuploidies (abnormal number of chromosomes) in in vitro fertilisation” – 2020
Autores do estudo: Cornelisse S, Zagers M, Kostova E, Fleischer K, van Wely M, Mastenbroek S – 10.1002/14651858.CD005291.pub3
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