A tripanossomíase humana africana gambiense (g-HAT), ou doença do sono, é uma doença grave transmitida pela picada de moscas tsé-tsé infectadas, encontradas em partes rurais da África subsaariana. A doença do sono tem dois estágios clínicos.
A revisão examina apenas o tratamento do segundo estágio, em que as pessoas desenvolvem sintomas causados pela invasão do sistema nervoso central (SNC), resultando em alterações no sistema nervoso. A morte é inevitável sem tratamento.
Os medicamentos para tratamento são poucos, frequentemente requerem infusão intravenosa todos os dias durante várias semanas e têm efeitos colaterais graves.
Na revisão, os autores compararam os efeitos dos medicamentos atuais para a doença do sono gambiense e examinaram a combinação nifurtimox-eflornitina (NECT) com um novo medicamento, o fexinidazol, que pode ser tomado por via oral.
A equipe quis avaliar a eficácia e segurança dos medicamentos usados atualmente para o tratamento da tripanossomíase de segundo estágio do Trypanosoma brucei gambiense (tripanossomíase humana gambiense africana, g‐HAT).
Embora o fexinidazol cure algumas pessoas, as mortes por qualquer causa e as taxas de falha do tratamento são mais altas do que com o tratamento convencional.
Os eventos adversos foram comuns em ambos os grupos. O fexinidazol é mais prático de administrar e significa menos tempo no hospital para a infusão de tratamento intravenoso.
Os autores avaliaram as evidências sobre os benefícios e danos dos medicamentos usados atualmente em pessoas com g-HAT de segundo estágio.
A equipe buscou ensaios randomizados, que fornecem evidências robustas sobre os vários tratamentos. O objetivo foi determinar se algum medicamento oferece uma vantagem definitiva sobre o outro, medida em termos de desfechos clínicos e em relação à gravidade dos efeitos adversos.
Foi identificado apenas um estudo adequado, que incluiu 394 pessoas e foi realizado na República Democrática do Congo e na República Centro-Africana. O estudo mostrou que as mortes por qualquer causa em 24 meses podem ser maiores com fexinidazol em comparação com NECT.
Nove das 264 pessoas que tomaram fexinidazol morreram, em comparação com duas das 130 pessoas que tomaram NECT. O fexinidazol provavelmente aumenta o número de pessoas com recidiva durante dois anos. Quatorze pessoas no grupo fexinidazol tiveram recaída e nenhuma no grupo NECT.
Os eventos adversos foram muito comuns em ambos os grupos ao longo dos dois anos, e não é provável que haja muita diferença entre os dois medicamentos (247/264 no grupo fexinidazol e 121/130 no grupo NECT). Não se sabe sobre o efeito do fexinidazol em eventos adversos graves, pois as evidências são muito incertas. Houve 31/264 eventos adversos graves no grupo fexinidazol e 13/130 no grupo NECT em 24 meses.
O tratamento oral com fexinidazol é muito mais fácil de administrar do que o tratamento convencional, mas mortes e recidivas parecem ser mais comuns.
No entanto, as vantagens da opção oral são consideráveis, em termos de conveniência, evitando hospitalização e múltiplas infusões intravenosas, aumentando assim a adesão.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
“Chemotherapy for second‐stage human African trypanosomiasis: drugs in use” – 2021
Autores do estudo: Lutje V, Probyn K, Seixas J, Bergman H, Villanueva G – Estudo
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