De acordo com um estudo sueco de coorte, crianças que receberam hormônios de crescimento humanos recombinantes (HCrh) possuem um risco maior de eventos cardiovasculares ao chegarem a idade adulta.
Entre 3.408 pacientes que receberam HCrh quando crianças, as razões de risco para qualquer problema cardiovascular e eventos graves ao longo de 25 anos de acompanhamento foram 1,69 e 2,27, respectivamente, em relação aos controles que foram pareados por sexo, idade e localização geográfica após o controle do status socioeconômico e altura no início do tratamento, de acordo com o relato de Anders Tidblad, MD, PhD, do Instituto Karolinska em estocolmo, e colegas.
Embora o risco absoluto fosse menor em 25,6 e 22,6 eventos a cada 10.000 pessoas por ano para pacientes e controles, respectivamente, as pessoas que tinham um risco maior quanto a duração do tratamento e quanto maior a dose total de hormônios de crescimento humanos recombinantes, a equipe escreveu no estudo publicado online no JAMA Pediatrics.
Isso pode indicar uma relação dose-resposta, mas também pode ocorrer por uma “heterogeneidade subjacente entre os pacientes tratados, em que aqueles com duração de tratamento mais longa e dose cumulativa mais alta também tiveram um risco maior subjacente para o resultado por outras razões”, escreveram Tidblad e coautores.
Mesmo que o tratamento com hormônio pediátrico seja similar ao de 1958 e o ingrediente nessas terapias seja “molecularmente idêntico” ao hormônio endógeno, evidências diretas mostraram um potencial para “efeitos indesejáveis”, como risco neoplásico, de acordo com um editorial anexo feito Adda Grimber, MD, do Hospital Infantil da Filadélfia, localizado na Pensilvânia.
Na pesquisa, pacientes pequenos para a idade gestacional apresentavam risco elevado de eventos cardiovasculares, mas um alto risco também foi percebido em pessoas com deficiência de hormônio do crescimento e baixa estatura idiopática, escreveram Tidblad e coautores.
Cada uma das três condições para as quais os hormônios foram prescritos no estudo estão associados ao aumento do perigo de doença cardiovascular ao longo da vida, assim como os riscos associados à deficiência de HCrh não tratada, isso foi em parte, o que levou à aprovação dos medicamentos, “apesar da falta de qualquer benefício de crescimento”, relatou Grimberg.
Isso levanta a “questão de se a deficiência persistente, mas não tratada do hormônio do crescimento na idade adulta contribuiu, em parte, para as descobertas do estudo”, disse ela.
No ano de 1985, o tratamento mudou de hormônio de crescimento cadavérico para HCrh, expandindo o tratamento tanto em termos de regimes de dosagem quanto de indicações tratadas, explicou Grimberg. Como resultado, a primeira geração de pessoas tratadas pode ser diferente das de hoje.
O tempo também é “um problema”, já que os destinatários mais antigos de HCrh pediátrico atualmente estão na casa dos 40 e 50 anos, e os dados sobre o risco de longo prazo “permanecem ausentes”, ressaltou Grimberg.
“Mudanças seculares podem afetar a segurança, como a epidemia de obesidade modificando o risco básico de síndrome metabólica, doença cardiovascular, diabetes, câncer e mortalidade”, relatou. “Mudanças no tratamento ao longo do tempo também podem afetar a segurança, a administração de doses mais elevadas e mais tratamento farmacológico.”
Ainda assim, o número de jovens tratados com hormônios de crescimento triplicou entre 0s aj0s de 2001 e 2016, observou a autora.
“O limite de risco eticamente aceitável nesse cenário é menor do que para pacientes cuja deficiência de hormônio do crescimento, se não tratada, pode não apenas causar baixa estatura, mas levar a uma composição corporal desfavorável, densidade mineral óssea pobre, perfil lipídico desfavorável e doença cardiovascular”, observou.
Cada paciente do estudo que foi tratado com HCrhs entre 1985 e 2010 foi pareado com 15 controles. Aneurismas, cardiopatia isquêmica, cardiomiopatia, insuficiência cardíaca e doenças cerebrovasculares foram classificados como eventos cardiovasculares graves.
A coorte – que contou com aproximadamente 9 anos de idade no início do tratamento, dois terços dos quais a maioria era de homens – foi acompanhada por em média por 14,9 anos.
Os eventos considerados comuns foram doenças não especificadas do sistema circulatório, arritmias e doença hipertensiva, os eventos graves mais foram doença isquêmica do coração, cardiomiopatia e acidente vascular cerebral.
O risco para as mulheres foi maior quando comparadas aos homens, disseram os pesquisadores.
“As diferenças nos níveis de estrogênio ou na capacidade de resposta ao tratamento com HCrh foram previamente hipotetizadas como possíveis explicações, mas o mecanismo subjacente para essa diferença de sexo ainda permanece obscuro e merece investigação adicional”, concluíram Tidblad e coautores.
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O estudo original foi publicado no JAMA Pediatrics
* “Association of Childhood Growth Hormone Treatment With Long-term Cardiovascular Morbidity” – 2020
Autores do estudo: Anders Tidblad, Matteo Bottai, Helle Kieler, Kerstin Albertsson-Wikland, Lars Sävendahl – 10.1001/jamapediatrics.2020.5199
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