Para várias pessoas, a gota pode ser uma doença antiga, mas na verdade, ela é muito comum – e as taxas estão aumentando. As estimativas mostram que a gota pode afetar quase 4% da população adulta dos EUA, um aumento em comparação com décadas passadas. Ela também não é uma doença limitada aos riscos, a gota é um risco para todas as classes econômicas.
As explicações mais consistentes para os números crescentes da doença são o envelhecimento da população e o excesso de peso. As duas coisas são fatores de influência muito importantes para a doença.
O aumento das medidas do corpo de um americano médio muito provavelmente possui um papel maior do que a idade, uma vez que o excesso de peso e a obesidade crescem mais rapidamente do que a idade mediana da população nos últimos anos.
Embora a pesquisa tenha reconhecido alguns fatores de risco que podem ser evitados, o impacto de mudá-los é incerto.
Um novo estudo que foi publicado online no JAMA Network Open, mostrou que mais de três quartos dos diagnósticos de gota que acometem os homens podem ser totalmente evitados. Como a gota afeta mais a população masculina do que a feminina, essa descoberta é notável.
Os autores examinaram informações de cerca de 45.000 pacientes que completaram pesquisas detalhadas sobre seus hábitos, sua saúde e medicamentos a cada dois anos por um período de 25 anos.
Quatro fatores de proteção foram identificados na comparação dos pacientes que tiveram gota (aproximadamente 4%) com o que não desenvolveram a doença:
A avaliação mostrou que 69% do total de casos de gota nos pacientes poderiam ter sido evitados com os quatro passos anteriores.
Grande parte dessa vantagem diz respeito a homens que não são obesos. Pacientes obesos (com IMC 30 ou superior), perceberam poucos benefícios. Segundo os autores, isso mostra que perder o peso em excesso é fundamental para que adquirir as vantagens dos demais fatores de proteção.
Como na maioria dos ensaios, existem certas limitações. A análise teve como base autorrelatos, que podem ser imprecisos. Isso inclui dados sobre dieta, uso de medicamentos, consumo de álcool e até mesmo o diagnóstico da doença.
Além disso, existe a possibilidade de que outros entrevistados que não foram medidos para o risco de gota (como fatores genéticos) possam ter colaborado nas descobertas.
Todos os participantes do estudo eram profissionais da saúde do sexo masculino (dentistas, optometristas, osteopatas, farmacêuticos, podólogos e veterinários) e 91% eram brancos, por isso os resultados podem não ser aplicados em todas as pessoas que possuem risco de gota.
Apesar de importantes, ainda não se sabe o qual é o impacto real das descobertas. Se todas as famílias dos EUA tivessem acesso a essas informações, quantas mudariam seus hábitos alimentares? Quantas delas cessariam o consumo de álcool? Quantas pessoas com peso em excesso e obesidade seriam capazes de chegar a um IMC normal e mantê-lo?
Quanto a utilização de medicamentos, os profissionais geralmente prescrevem diuréticos, como hidroclorotiazida ou furosemida, para pacientes hipertensos e com outras doenças.
É difícil que o risco futuro de gota mude isso. Contudo, há muitos medicamentos alternativos e de fácil acesso para diminuir a pressão arterial. Portanto, se o diagnóstico para gota for positivo em um paciente que faz uso de diuréticos, é possível que ele considere a mudança para uma droga alternativa.
O conceito de que uma condição dolorosa e muitas vezes incapacitante como a gota pode ser prevenida sem o uso de medicamentos é muito atrativa.
Porém, ter conhecimento de como evitar e realmente prevenir são dois pontos distintos. No mínimo, a nova pesquisa acrescenta outro motivo para que as pessoas tenham uma dieta saudável, moderem no consumo de álcool e mantenham um peso saudável: tudo isso não só melhora a saúde como um todo, como pode evitar a gota.
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O estudo original foi publicado no JAMA Network Open
* “Estimation of Primary Prevention of Gout in Men Through Modification of Obesity and Other Key Lifestyle Factors” – 2020
Autores do estudo: Natalie McCormick, Sharan K Rai, Na Lu, Chio Yokose, Gary C Curhan, Hyon K Choi – 10.1001/jamanetworkopen.2020.27421
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