A dor de cabeça é um sintoma muito comum e que acomete inúmeras pessoas, porém o seu diagnóstico não é tão simples quanto parece e é necessário um entendimento maior para que o tratamento seja o mais adequado. A cefaleia pode ser causada por alguma anormalidade grave subjacente, mas geralmente vem de transtornos denominados cefaleias primárias, como a enxaqueca, cefaleia do tipo tensional, cefaleia em salvas e hemicrania paroxística.
Cefaleias de início recente, intensas ou agudas possuem maior possibilidade de estarem relacionadas a um distúrbio intracraniano do que cefaleias crônicas.
Outras causas secundárias e fundamentais a serem consideradas incluem lesões intracranianas, traumatismo craniano, espondilose cervical, doença dentária ou ocular, disfunção da articulação temporo-mandibular, sinusite, hipertensão, depressão e diversos distúrbios médicos gerais.
A intensidade, a qualidade, o local da dor e a duração da cefaleia são informações que podem fornecer os indícios para a causa subjacente.
As cefaleias primárias podem ser diagnosticadas principalmente através da história clínica do paciente, ou seja, na anamnese e no exame físico. Para as cefaleias secundárias existem os exames complementares, como a coleta de líquor cefalorraquidiano ou exames de imagem, quando dados trazem sinais de alerta (red flags).
Sinais de alerta (red flags) na avaliação de um paciente com cefaleia
A coleta de informações sobre a história clínica deve levar em consideração alguns aspectos que fazem parte da rotina da anamnese da dor e que podem auxiliar a codificar as cefaleias:
A migrânea, ou enxaqueca, é uma doença que se deve principalmente ao fator socioeconômico. Menos de 50% da população recebe tratamento, o número é ainda menor quando se trata dos pacientes que procuram tratamento.
A enxaqueca é uma modalidade de cefaleia primária, intensidade moderada a intensa, pode ser agravada pela atividade física de rotina, associada a náuseas e vômitos, seguida por fotofobia e fonofobia.
Ela pode ocorrer com aura (sintoma neurológico focal que pode ser visual, sensorial ou motor), ou sem aura.
Critérios diagnósticos para migrânea sem aura
Critérios diagnósticos para migrânea com aura
Tratamento para as crises de migrânea
Estratégia | Medicamentos | Doses | Dose máxima diária |
Paracetamol e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): para o tratamento inicial das crises de intensidade leve a moderada | Paracetamol Ácido acetilsalicílico Ibuprofeno Naproxeno sódico Diclofenaco potássio | 1.000mg 1.000mg 400 a 600mg 500 a 550mg 50mg | 4.000mg 5.400mg 2.400mg 1.375mg 150mg |
Triptanos: crises de migrânea moderadas a graves | Sumatriptana: Oral Nasal Subcutânea Rizatriptana Zolmitriptana Naratriptana | 50 a 100mg10 a 20mg 6mg 10mg 2,5mg 2,5mg | 200mg40mg 12mg 20mg 10mg 5mg |
Crises refratárias | Naproxeno+sumatriptana Di-idroergotamina (apenas os que não respondem ao triptano) Clorpromazina Dexametasona | 500+50mg 500+85mg 2mg 10 a 50mg 4mg | Duas doses 6mg 200mg Fixo por 3 a 5 dias |
Pacientes com contraindicações a fármacos vasoconstritores | AINEs, agonistas dopaminérgicos, analgésicos combinados com cafeína | Individualizar | Individualizar |
A cefaleia do tipo tensional pode ser definida como uma dor de cabeça bilateral, não pulsátil, sem náuseas ou vômitos. Os pacientes podem apresentar fotofobia ou fonofobia, mas não ambos, a dor de cabeça não piora com a atividade.
Critérios diagnósticos para a cefaleia do tipo tensional
Fármacos recomendados para o tratamento abortivo da cefaleia do tipo tensional
Fármaco | Dose |
Ibuprofeno | 200-800mg |
Cetoprofeno | 25mg |
Ácido acetilsalicílico | 500-1.000mg |
Naproxeno | 375-550mg |
Diclofenaco | 12,5-100mg |
Paracetamol | 1.000mg |
Analgésicos combinados com cafeína | 65-200mg (cafeína) |
Fármacos recomendados para o tratamento profilático da cefaleia do tipo tensional (quadros muito frequentes ou crônicos)
Fármaco | Dose |
Fármaco de primeira escolha | |
Amitriptilina | 30-75mg |
Fármacos de segunda escolha | |
Mirtazapina | 30mg |
Venlafaxina | 150mg |
Fármacos de terceira escolha | |
Clomipramina | 75-150mg |
Maprotilina | 75mg |
Mianserina | 30-60mg |
As cefaleias trigeminoautonômicas são um grupo mais incomum de cefaleias, clinicamente caracterizadas por crises recorrentes unilaterais de curta-duração. São associadas a um ou mais sintomas autonômicos: ptose, hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal ou rinorreia, ipsilaterais à dor.
Critérios diagnósticos para cefaleias em salvas (mais longas e menos frequentes)
Critérios diagnósticos para hemicrania paroxística (duração e frequência intermediária)
Critérios diagnósticos para crises de neuralgiforme unilateral de curta duração
Critérios diagnósticos para hemicrania contínua (unilateral persistente)
Tratamento da cefaleia em salvas
Medicação | Doses |
Tratamento abortivo | |
Sumatriptana | 6mg subcutâneo |
Oxigênio | 100% com máscara a 6-12/min, durante 15 minutos |
Sumatriptana | 20mg nasal |
Estímulo do gânglio esfenopalatino | Indicado para forma crônica quando o tratamento medicamentoso é ineficaz |
Tratamento de transição | |
Prednisona | Primeiros 4 dias com dose plena e, após redução gradual em 2 semanas |
Bloqueio de nervo occipital maior | Pode ser feito ambulatorialmente, em única aplicação |
Tratamento profilático | |
Verapamil | Doses mais altas podem ser utilizadas, com monitorização eletrocardiográfica |
Carbonato de lítio | Devem-se monitorar os níveis séricos |
Referências
CECIL Medicina 24 ed. 2014
Cefaleias – Atualização no manejo ambulatorial
CURRENT MEDICINA Diagnósticos e Tratamento 51 ed. 2013
HARRISON Medicina Interna 19 ed. 2017
Observação
As informações listadas acima podem conter erros de digitação e/ou atualizações e devem ser verificadas nos livros citados, que foram utilizados como fonte de pesquisa.
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