Pesquisadores relataram que cerca de 10% dos sobreviventes de cânceres primários no começo da idade adulta foram diagnosticados posteriormente com um câncer primário subsequente (subsequent primary cancer [SPC]).
Os SPCs que têm relação com o fumo foram responsáveis por 25% a 45% da incidência e mortalidade total, os que eram relacionados à obesidade representaram cerca de um quarto da mortalidade total, segundo Ahmedin Jemal, DVM, PhD, da Sociedade Americana do Câncer em Atlante e colegas, em seu estudo para o JAMA.
O grupo analisou dados de 12 registros da Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais (Surveillance, Epidemiology, and End Results [SEER]) que incluíram 1,53 milhões de pessoas que foram diagnosticadas inicialmente com câncer primário entre os anos de 1992 a 2011 e que sobreviveram pelo menos 5 anos, e previram o risco aumentado para câncer primário subsequente usando a standardized incidence ratio (SIR) e razão de mortalidade padronizada (standardized mortality ratio [SMR]) verus a população em geral, disseram os autores.
“Nossas descobertas são surpreendentes, pois os cânceres associados ao fumo ou ao excesso de peso corporal são responsáveis por proporções substanciais de câncer recém-diagnosticado e mortalidade por câncer entre os sobreviventes do câncer”, explicou Jemal ao MedPage Today.
Especificamente, os cânceres de pulmão, bexiga urinária, cavidade oral/faringe e esôfago – todos de com relação ao fumo – foram responsáveis por 26% a 45% da incidência e mortalidade total.
Somente o câncer de pulmão foi responsável por quase um terço da mortalidade total de câncer primário subsequente. Câncer colorretal, pâncreas, corpo uterino e fígado – todos relacionados com a obesidade – foram responsáveis por 22% a 26% da mortalidade total do SPC.
Entre os homens, excluindo os que tiveram câncer de próstata, houve um risco 11% maior de desenvolver SPC e um risco 45% maior de morrer de SPCs em comparação com a população em geral.
Para eles, o risco de SPC foi maior para 18 dos 30 primeiros tipos de câncer primário e o risco de mortalidade de qualquer SPC foi significativamente maior para 27 dos 30 primeiros tipos de câncer primário.
Entre as mulheres, havia um risco 10% maior de desenvolver SPC e um risco 33% maior de morte. O risco de desenvolver qualquer SPC foi estatisticamente maior para 21 dos 31 primeiros tipos de câncer primário e o risco de morrer de qualquer SPC foi maior para 28 dos 31 primeiros cânceres primários.
Os maiores riscos gerais de contrair e morrer de SPC foram entre sobreviventes de câncer de laringe e câncer de vesícula biliar entre os homens e câncer de laringe entre as mulheres.
“Essas descobertas sugerem a importância de esforços coordenados aprimorados por médicos de cuidados primários para ajudar os sobreviventes a adotar hábitos saudáveis, como parar de usar produtos de tabaco se um usuário atual, permanecer fisicamente ativo, consumir uma dieta saudável – com ênfase na origem vegetal – e manter um peso corporal saudável”, afirmou Jemal.
Em um editorial anexo, Patricia A. Ganz, MD, e Jacqueline N. Casillas, MD, MSHS, ambas da UCLA Jonsson Comprehensive Cancer Center em Los Angeles, apontaram que as informações sobre possíveis SPCs “raramente são comunicadas” aos pacientes que sobreviveram a um câncer primário, e que as estimativas de risco e SPCs descritas por Jemal e colegas “são particularmente relevantes para cuidados preventivos fornecidos por clínicos de atenção primária.”
“A frequência com que os SPCs ocorrem após uma ampla variedade de diagnósticos de câncer, e o maior risco relativo de morrer de um SPC, sugerem que os médicos de atenção primária devem rotineiramente considerar o risco de SPCs em todos os sobreviventes do câncer em sua prática clínica”, os autores escreveram. “O ponto de tempo de sobrevida de 5 anos geralmente marca uma transição clínica quando muitos pacientes não são mais acompanhados em práticas de especialidade oncológica e devem contar com seus clínicos de atenção primária como sua principal fonte de atendimento médico.”
Isso é particularmente verdadeiro em adultos mais jovens sobreviventes, disseram eles, uma população que “tem o potencial de melhorar os anos de vida salvos se os riscos para câncer primário subsequente forem identificados e ações forem tomadas para reduzir o risco ou aumentar a detecção precoce por meio de triagem”.
Ganz e Casillas disseram que a pesquisa atual é importante por conta da “atribuição específica de fatores de risco à incidência e mortalidade de cânceres subsequentes ligados aos primeiros cânceres primários, destacando oportunidades para intervenções para diminuir o tabagismo e aconselhamento para prevenir a obesidade”.
O autor observou que o estudo não chegou a examinar os riscos para um novo câncer, ou a mortalidade por causa dele, entre os sobreviventes da doença de acordo com o recebimento de tratamentos para o primeiro câncer. Além disso, a precisão das causas básicas de morte entre sobreviventes do câncer não é conhecida.
“Os sobreviventes do câncer devem ser vigiados para a ocorrência de novos cânceres de acordo com o primeiro câncer primário e história de tratamento”, concluiu Jemal. “Os médicos também devem considerar a presença de outras doenças – comorbidades – e a expectativa de vida dos sobreviventes”.
____________________________
O estudo original foi publicado no JAMA
* “Association of First Primary Cancer With Risk of Subsequent Primary Cancer Among Survivors of Adult-Onset Cancers in the United States” – 2020
Autores do estudo: Hyuna Sung, Noorie Hyun, Corinne R. Leach, K. Robin Yabroff, Ahmedin Jemal – 10.1001/jama.2020.23130X
A terapia de substituição gênica com onasemnogene abeparvovec (Zolgensma) permitiu que bebês sintomáticos com atrofia…
O inibidor experimental ALK ensartinibe demonstrou uma eficácia maior do que o crizotinibe (Xalkori) contra…
Pessoas gravemente doentes em choque cardiogênico tiveram um desempenho semelhante ao receber um inotrópico amplamente…
Apesar da anticoagulação generalizada para pacientes com fibrilação atrial (Afib) antes da cardioversão e ablação…
Uma dieta rica em dois ácidos graxos ômega-3, ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosaexaenoico (DHA),…
A idade cognitiva - avaliada por uma nova ferramenta conhecida como "relógio cognitivo" - previu…