A cada ano, milhares de pessoas em todo o mundo precisam ter sua perna removida cirurgicamente (amputação do membro inferior) devido a problemas como obstruções nos vasos sanguíneos (doença vascular), diabetes e lesões. Quando uma amputação é planejada, o cirurgião precisa decidir a que altura da perna vai subir e, portanto, quanta perna deixar para trás.
Esta decisão é baseada em um equilíbrio entre deixar o máximo possível da perna para melhorar a capacidade de uma pessoa de andar com uma perna artificial (prótese) e remover qualquer coisa que não sobreviverá ou continuará a cicatrizar.
Se possível, o cirurgião preferirá preservar o joelho, já que ter um joelho funcionando garante a melhor chance de uma pessoa andar. Em alguns casos, isso não é possível e, atualmente, quase todas as pessoas nesta situação terão uma amputação no meio da coxa (acima do joelho).
No entanto, outra opção é uma amputação que pode ser realizada através da própria articulação do joelho. Isso traz vantagens potenciais, pois todos os músculos que controlam os movimentos do fêmur não estão danificados.
Espera-se que uma perna remanescente mais longa funcione como uma alavanca para reduzir o esforço de balançar um membro protético durante a caminhada e para ajudar no equilíbrio sentado e na transferência da cama para a cadeira.
Ao evitar cortes na musculatura, é possível minimizar o trauma físico da cirurgia, permitindo um procedimento com menor perda sanguínea e menor tempo de procedimento. Além disso, a extremidade do fêmur e, em alguns casos, a rótula permanecem. Esses ossos podem suportar o peso do corpo na extremidade do membro remanescente por meio do mesmo mecanismo de se ajoelhar.
Por outro lado, alguns cirurgiões acham que os problemas de cicatrização podem ser mais comuns com essa abordagem. Não está claro se a amputação através do joelho pode, portanto, ser uma operação melhor, permitindo uma melhor recuperação, maior probabilidade de ser capaz de andar com uma perna artificial e melhor qualidade de vida, ou se está associada a piores resultados devido à falha na cicatrização de feridas e a necessidade de nova cirurgia.
O objetivo da revisão foi examinar as melhores evidências disponíveis para ver como essas operações se comparam.
A revisão buscou estudos que analisaram se a amputação através do joelho ou acima do joelho resultou em melhor cicatrização da ferida após a amputação, melhor sobrevida do paciente e redução da dor (resultados clínicos), bem como melhores taxas de uso de prótese, velocidade de caminhada e qualidade de vida (resultados de reabilitação).
Uma pesquisa completa da literatura disponível foi realizada (até 17 de fevereiro de 2021) para encontrar estudos que comparassem a amputação através do joelho com a amputação acima do joelho. Não foram identificados estudos comparando esses dois procedimentos.
Não foi possível avaliar a certeza das evidências devido à ausência de estudos incluídos na revisão.
Devido à falta de estudos randomizados, não foi possível determinar se as amputações através do joelho têm resultados diferentes das amputações acima do joelho. Ensaios clínicos randomizados de alta qualidade são necessários para fornecer evidências sobre este tópico.
Nenhum ECR foi realizado para determinar os resultados clínicos comparativos ou de reabilitação da amputação do joelho e da amputação acima do joelho, ou taxas de complicações.
Não se sabe se alguma dessas abordagens oferece melhores resultados para os pacientes. Os ECRs são necessários para orientar a prática e garantir os melhores resultados para este grupo de pacientes.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
“Through‐knee versus above‐knee amputation for vascular and non‐vascular major lower limb amputations” – 2021
Autores do estudo: Crane H, Boam G, Carradice D, Vanicek N, Twiddy M, Smith GE – Estudo
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