A doença de Crohn é um distúrbio inflamatório crônico do trato grastrointestinal, no qual se acredita que a patogênese seja parcialmente influenciada pelo microbioma intestinal.
Os probióticos podem ser utilizados para manipular o macrobioma, ou seja, há uma possibilidade de serem considerados como uma terapia potencial para a tratar a doença.
Existem algumas evidências de que os probióticos beneficiam também outras condições gastrointestinais, como a síndrome do intestino irritável e a colite ulcerativa, mas seu efeito na doença de Crohn ainda não é clara. O estudo apresentado é a primeira atualização de uma pesquisa publicada anteriormente na Cochrane Library em 2008.
O objetivo da pesquisa foi descobrir se os probióticos podem de fato induzir a remissão em pessoas com a doença de Crohn. Foram realizadas análises a partir de duas pesquisas para chegar a uma conclusão.
A doença de Crohn é uma condição médica que causa inflamação do intestino e pode ter como consequência úlceras na boca, dor abdominal, diarreia, obstrução, fistulização (túneis entre os intestinos e órgãos próximos), abscessos, desnutrição, níveis baixos de hemoglobina (sangue) e fadiga.
Existem certas evidências que sugerem o desequilíbrio nas bactérias do intestino como um possível fator da doença. Os probióticos, que são micro-organismos vivos, podem alterar as bactérias intestinais, isso ajudaria na redução da inflamação.
Haviam dois estudos que preencheram os critérios de inclusão. Um deles, da Alemanha, teve 11 participantes adultos com doença de Crohn leve a moderada, que foram tratados com dosagens semanais de corticosteroides e antibióticos (ciprofloxacina 500 mg, duas vezes ao dia e metronidazol 250 mg, três vezes ao dia), seguido de atribuição aleatória o Lactobacillus rhamnosus cepa LGG (dois bilhões de unidades diárias formadoras de colônia) ou placebo.
O segundo estudo, do Reino Unido, teve 35 participantes adultos com doença de Crohn ativa, eles foram randomizados para receber um tratamento simbiótico (que foi composto por Bifidobacterium longum liofilizado e um produto comercial) ou placebo.
O risco geral de viés foi baixo em um dos estudos, enquanto o outro não apresentou um risco de viés claro em relação à geração de sequência aleatória, ocultação de alocação e cegamento.
Não houve evidência de diferenças entre o uso de probióticos e placebo na indução de remissão na doença de Crohn após seis meses (RR 1,06; IC95% 0,65 a 1,71; dois estudos, 46 participantes).
As diferenças em relação a reações adversas entre probióticos e placebo foi inexistente (RR 2,55; IC 95% 0,11 a 58,60; 2 estudos, 46 participantes). A evidência para ambos os resultados foi de uma certeza muito baixa devido ao risco de viés e imprecisão.
Foi feita uma pesquisa por ensaios clínicos randomizados (ECR – estudos clínicos em que as pessoas são colocadas aleatoriamente em um ou mais grupos de tratamento), comparando probióticos com placebo.
Dois ECRs foram encontrados, ao total foram analisadas informações sobre 46 participantes. Os estudos investigaram apenas adultos.
Ainda não está claro se os probióticos realmente são diferentes do placebo na indução da remissão da doença de Crohn. Também não há indícios de que o tratamento possui diferença considerável nos efeitos adversos (menores e graves) quando comparado ao placebo.
A revisão da pesquisa encontrou dois estudos que examinaram e não mostraram os benefícios dos probióticos no tratamento da doença de Crohn ativa. Como as análises foram feitas com um grupo pequeno, não há conclusões definitivas até o momento.
Probióticos foram geralmente bem tolerados: ocorreu apenas um efeito colateral que levou à interrupção do tratamento, mas os detalhes não foram fornecidos.
Com as evidências apresentadas na pesquisa os autores não conseguiram tirar uma conclusão quanto à eficácia dos probióticos. São necessários estudos mais bem projetados e com mais participantes.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
* “Probiotics for induction of remission in Crohn’s disease” – 2020
Autores do estudo: Limketkai BN, Akobeng AK, Gordon M, Adepoju AA – https://doi.org/10.1002/14651858.CD006634.pub3
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