Pacientes com infecções avançadas de HIV/AIDS tiveram maior proporção de supressão viral com o tratamento com dolutegravir (Tivicay) versus o tratamento com efavirenz (Sustiva), relatou um pesquisador.
Em 48 semanas, 73,9% dos 92 pacientes atribuídos a um regime à base de dolutegravir (DTG) alcançaram supressão viral com base no ensaio de 200 cópias/ml versus 47,8% dos 92 pacientes atribuídos a um regime contendo efavirenz (EFV), de acordo com a Carlos Brites, MD, PhD, da Universidade Federal da Bahia em Salvador, Brasil.
Usando o ensaio mais rigoroso de 50 cópias/ml, o limiar indetectável foi alcançado em 65,2% no grupo DTG versus 45,7% no braço EFV, disse ele em uma apresentação na International AIDS Conference (IAC). Brites também relatou que 12 pacientes no braço EFV morreram versus nove no grupo DTG, embora a diferença não tenha sido estatisticamente diferente.
Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomende o DTG como tratamento preferencial para o HIV em todas as populações, Brites disse que há evidências limitadas de como o dolutegravir funciona em uma população com AIDS avançada e células CD4 positivas baixas. “A maioria dos estudos sobre a eficácia dos inibidores da integrase foi realizada em pacientes saudáveis”, escreveram Brites e colegas. “Há pouca informação sobre o uso de dolutegravir em pacientes com HIV de apresentação tardia.”
Pacientes HIV de apresentação tardia são aqueles diagnosticados com uma contagem de células CD4 <350/mm³ ou uma condição definidora de AIDS, independentemente da contagem de células CD4, de acordo com o European Late Presenter Consensus Working Group. A OMS define doença avançada por HIV como contagem de células CD4 <200 células/mm3 ou estágio 3 ou 4 da OMS em adultos e adolescentes.
O grupo de Brites recrutou pacientes sintomáticos, virgens de tratamento e com apresentação tardia de HIV de centros de referência em AIDS de cinco cidades brasileiras que tinham contagem de células CD4-positivas <50 células/ml e tinham sido diagnosticados com uma doença definidora de AIDS. Os pacientes receberam DTG com lamivudina (Epivir) e tenofovir (Viread), ou EFV com lamivudina e tenofovir.
A idade média do paciente no braço DTG foi de 39,4 e 37,3 no braço EFV; cerca de 68% eram homens. A contagem média de células CD4-positivas na linha de base foi de 23 células/ml. As doenças definidoras de AIDS mais frequentes foram candidíase esofágica, neurotoxoplasmose e pneumonia bacteriana.
Houve 12 pacientes no braço DTG que foram perdidos no acompanhamento, assim como 15 no braço EFV, mas a diferença não foi estatisticamente significativa, relatou Brites. Ele também observou que uma pessoa no braço DTG exigiu modificação antirretroviral contra 16 no braço EFV.
Ao final de 48 semanas, 44,6% dos pacientes no braço DTG aumentaram suas contagens positivas para CD4 para >200 células/ml versus 29,4% dos pacientes no braço EFV.
“O uso de dolutegravir para o tratamento de pacientes com AIDS avançada foi significativamente associado a taxas mais altas de supressão viral em 24 semanas e em 48 semanas”, disse Brites. “Houve menos interrupções no tratamento e mudanças devido a eventos adversos, e uma proporção maior de pacientes atingiu uma contagem positiva de CD4 acima de 200 células/ml.”
A moderadora da sessão do IAC, Chloe Orkin, MD, MBChB, da Queen Mary University of London, disse que “ainda temos pessoas que se apresentam tardiamente em sua doença – com sua primeira apresentação sendo uma doença definidora de AIDS.
Estima-se que os apresentadores tardios representem quase 40% de todos os casos de HIV no Brasil, 40%-60% dos casos na Europa, 72%-83% na Ásia e 35%-89% na África, de acordo com um artigo de 2021 da Pathogens .
“Precisamos de dados sobre como esses medicamentos funcionam quando as pessoas estão muito imunossuprimidas. É fantástico que, mesmo nesses pacientes, haja uma resposta muito boa ao tratamento com terapia antirretroviral combinada”, disse Orkin.
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O estudo original foi publicado no International AIDS Conference
“Survival in advanced AIDS patients treated with efavirenz or dolutegravir in Brazil: a multicenter, observational study” – 2022
Autores do estudo: Brites C, et al – Estudo
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