O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é uma condição grave e incapacitante que pode se desenvolver em pessoas expostas a eventos traumáticos. Tais eventos podem ter repercussões negativas duradouras na vida daqueles que os vivenciaram, bem como na vida de seus entes queridos.
A pesquisa mostrou que existem algumas alterações na forma como o cérebro funciona em pessoas com TEPT. Alguns pesquisadores propuseram, assim, o uso de medicamentos para direcionar essas alterações logo após um evento traumático, como forma de prevenir o desenvolvimento de TEPT. No entanto, a maioria das pessoas que vivenciam um evento traumático não desenvolverá TEPT.
Portanto, os medicamentos que podem ser administrados logo após a exposição a um evento traumático devem ser cuidadosamente avaliados quanto à sua eficácia, incluindo o equilíbrio entre o risco de efeitos colaterais e o risco de desenvolver TEPT.
Para as pessoas expostas a um evento traumático, tendo ou não sintomas psicológicos, alguns medicamentos são mais eficazes do que outros medicamentos ou placebo (pílulas fictícias) em:
Os autores pesquisaram bancos de dados científicos para estudos em que os participantes foram aleatoriamente designados para um medicamento com o objetivo de prevenir o TEPT e seus sintomas ou reduzir a gravidade. A equipe selecionou estudos em adultos que vivenciaram algum tipo de evento traumático e que ofereceram tratamento, independentemente de os participantes apresentarem ou não sintomas psicológicos.
Foram incluídos 13 estudos, com um total de 2.023 participantes. Um estudo sozinho contribuiu com 1244 participantes. Os estudos ocorreram em diferentes cenários e envolveram pessoas expostas a uma ampla gama de eventos traumáticos. Alguns estudos ocorreram em departamentos de emergência e consideraram pessoas cujos traumas resultaram de danos intencionais ou não intencionais.
Outros estudos se concentraram em doenças com risco de vida como fonte de trauma, incluindo cirurgias de grande porte ou internação em unidades de terapia intensiva.
Os medicamentos mais comumente administrados aos participantes dos estudos incluíram: hidrocortisona (que reduz a resposta imune do corpo), propranolol (usado para tratar problemas cardíacos e ansiedade, entre outras condições) e gabapentina (um medicamento usado principalmente para tratar convulsões e dores nos nervos).
A equipe encontrou quatro estudos comparando hidrocortisona com placebo. Esses estudos não relataram como os participantes estavam três meses após um evento traumático, um ponto no tempo que geralmente é útil para avaliar a evolução dos sintomas de TEPT.
Foram encontradas evidências de qualidade muito baixa sobre propranolol em comparação com placebo três meses após um evento traumático. A evidência não diz se o propranolol é ou não mais eficaz do que o placebo na redução da gravidade dos sintomas de TEPT e da probabilidade de desenvolver TEPT.
Os autores não localizaram evidências sobre a probabilidade de as pessoas interromperem a medicação devido a efeitos colaterais, qualidade de vida ou incapacidade funcional (uma medida de quanto a vida de uma pessoa é limitada pelos sintomas).
A equipe encontrou evidências de qualidade muito baixa sobre a gabapentina em comparação com o placebo três meses após um evento traumático. A evidência não diz se a gabapentina é ou não mais eficaz do que o placebo na redução da gravidade dos sintomas de TEPT e da probabilidade de desenvolver transtorno de estresse pós-traumático. Eles não localizaram evidências sobre a probabilidade de as pessoas interromperem a medicação por causa de efeitos colaterais, qualidade de vida ou incapacidade funcional.
Foram encontrados estudos sobre medicamentos adicionais, para os quais as informações sobre a redução da gravidade do transtorno de estresse pós-traumático e a probabilidade de as pessoas interromperem a medicação eram inconclusivas ou ausentes.
Nenhum dos estudos incluídos mediu a incapacidade funcional dos participantes.
As evidências que foram encontradas não suportam o uso de nenhum medicamento para a prevenção do TEPT em pessoas expostas a um evento traumático, independentemente de apresentarem ou não sintomas psicológicos.
Mais estudos de maior qualidade envolvendo mais pessoas são necessários para tirar conclusões sobre esses tratamentos.
Esta revisão fornece evidências incertas apenas sobre o uso de hidrocortisona, propranolol, dexametasona, ácidos graxos ômega-3, gabapentina, paroxetina, fórmula PulmoCare, fórmula Oxepa ou 5-hidroxitriptofano como estratégias universais de prevenção de TEPT.
Pesquisas futuras podem se beneficiar de amostras maiores, melhor relato de efeitos colaterais e inclusão de medidas de qualidade de vida e funcionamento.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
“Early pharmacological interventions for universal prevention of post‐traumatic stress disorder (PTSD)” – 2022
Autores do estudo: Bertolini F, Robertson L, Bisson JI, Meader N, Churchill R, Ostuzzi G, Stein DJ, Williams T, Barbui C – Estudo
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