Estudo analisa tratamentos para sangramento menstrual intenso

Evidências sugerem que o sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (LNG-IUS) é a melhor opção de primeira linha para reduzir o sangramento menstrual, enquanto os antifibrinolíticos são provavelmente o segundo melhor e os progestagênios de ciclo longo são o terceiro melhor. Devido a algumas limitações nas evidências, não há certeza de qual é o verdadeiro efeito desses tratamentos de primeira linha para a percepção de melhora e satisfação.

Para tratamentos de segunda linha, as evidências sugerem que qualquer tipo de histerectomia é o melhor tratamento para reduzir o sangramento, mesmo que esta seja uma cirurgia de grande porte, e ablação endometrial ressectoscopia (REA) e ablação endometrial não ressectoscopia (NREA) são o segundo e terceiro melhores.

Não há certeza do verdadeiro efeito dos tratamentos de segunda linha na amenorreia (ausência de perda de sangue menstrual). As evidências sugerem que a histerectomia minimamente invasiva resulta em um grande aumento na satisfação, e a NREA aumenta a satisfação, mas não há certeza do verdadeiro efeito das intervenções restantes.

O que é sangramento menstrual intenso?

O sangramento menstrual intenso é definido como perda excessiva de sangue menstrual que interfere na qualidade de vida das pessoas que menstruam. É muito comum e pode afetar 20% a 50% das pessoas que menstruam durante seus anos reprodutivos.

Existem diferentes tratamentos disponíveis, cada um com seus prós e contras. O melhor tratamento depende da idade da pessoa, se ela tem ou quer ter filhos, suas preferências pessoais e seu histórico médico, entre outras coisas.

O que os autores queriam descobrir?

A equipe queria obter uma visão geral de todas as evidências publicadas sobre diferentes tratamentos para sangramento menstrual intenso. Eles estavam mais interessados ​​em descobrir se os tratamentos eram eficazes para reduzir o sangramento menstrual e melhorar a satisfação das mulheres.

Também queriam saber como o tratamento afetava a qualidade de vida, quais efeitos colaterais causava e se as mulheres precisavam de tratamento adicional.

O que os autores fizeram?

Este estudo é uma visão geral das revisões, o que significa que os autores procuraram estudos publicados que sintetizassem os resultados de outros estudos sobre diferentes tratamentos para sangramento menstrual intenso.

Em seguida, os autores tentaram dar uma visão ampla de todas essas evidências. A equipe analisou a certeza das evidências com base em fatores como tamanho do estudo e rigor metodológico. Os autores categorizaram os tratamentos com base nas características da paciente, incluindo o desejo (intenção) de gravidez futura, falha de tratamento anterior ou ter sido encaminhada para cirurgia.

O tratamento de primeira linha incluiu intervenções médicas e o tratamento de segunda linha incluiu LNG-IUS mais intervenções cirúrgicas; assim, o LNG-IUS foi incluído nos tratamentos de primeira e segunda linha. A equipe utilizou a meta-análise de rede, um método estatístico que compara todas as intervenções ao mesmo tempo, para descobrir quais tratamentos produziram os melhores resultados para os pacientes.

Achados dos autores

Foram encontrados nove revisões com 104 estudos, envolvendo um total de 11.881 participantes. Ao todo, os dados que foram analisados vieram de 85 estudos e 9.950 participantes.

As intervenções médicas incluídas foram: anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), antifibrinolíticos (ácido tranexâmico), anticoncepcionais orais combinados (COC), anel vaginal combinado (CVR), progestagênios orais de ciclo longo e lúteo, LNG-IUS, etamsilato e danazol (incluídos apenas para fornecer evidência indireta).

Estes foram comparados com placebo (tratamento simulado). As intervenções cirúrgicas incluídas foram: via aberta (abdominal), minimamente invasiva (vaginal ou laparoscópica) e não especificada (ou escolha do cirurgião) de histerectomia, REA, NREA e ablação endometrial (EA) não especificada.

Quais são as limitações da evidência?

A confiança em algumas evidências é moderada, mas para a maioria delas, a confiança é baixa a muito baixa. As principais razões foram porque os estudos muitas vezes não eram cegos, o que significa que os participantes sabiam qual tratamento estavam recebendo, e isso poderia ter mudado sua percepção; a evidência direta e indireta não foi semelhante o suficiente para comparação na rede; e o alcance dos resultados era muito amplo.

Conclusão dos autores

As evidências sugerem que o LNG-IUS é o melhor tratamento de primeira linha para reduzir a perda de sangue menstrual (MBL); os antifibrinolíticos são provavelmente os segundos melhores, e os progestagênios de ciclo longo são provavelmente os terceiros melhores. Não foi possível tirar conclusões sobre o efeito dos tratamentos de primeira linha na percepção de melhora e satisfação, pois as evidências foram classificadas como de certeza muito baixa.

Para tratamentos de segunda linha, as evidências sugerem que a histerectomia é o melhor tratamento para reduzir o sangramento, seguido por REA e NREA. Não há certeza do efeito na amenorreia, pois a evidência foi classificada como certeza muito baixa.

A histerectomia minimamente invasiva pode resultar em um grande aumento na satisfação, e a NREA também aumenta a satisfação, mas não há certeza do verdadeiro efeito das intervenções de segunda linha restantes, pois as evidências foram classificadas como de certeza muito baixa.

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O estudo original foi publicado na Cochrane Library

“Interventions for heavy menstrual bleeding; overview of Cochrane reviews and network meta‐analysis” – 2022

Autores do estudo: Bofill Rodriguez M, Dias S, Jordan V, Lethaby A, Lensen SF, Wise MR, Wilkinson J, Brown J, Farquhar C  – Estudo

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