A oftalmopatia associada à tireoide (TAO) é a manifestação extratireoidiana mais frequente da doença de Graves, afetando até 50% dos pacientes, tem um grande impacto na qualidade de vida. O rituximabe (RTX) é um anticorpo monoclonal quimérico humano/murino que tem como alvo o receptor CD20 em linfócitos B.
Trabalhos preliminares mostraram que o bloqueio desse receptor CD20 com RTX pode afetar o curso clínico da TAO, reduzindo a inflamação e o grau de proptose.
As opções de tratamento para a oftalmopatia grave associada à tireoide incluem medicamentos anti-inflamatórios chamados esteroides e radioterapia. No entanto, as recaídas são comuns. A cirurgia para aliviar a pressão que se acumula atrás do olho (descompressão orbital) geralmente é reservada para casos que ameaçam a visão.
Um possível tratamento alternativo é um medicamento chamado rituximabe, administrado por infusão intravenosa (injeção na veia), que visa impedir que o sistema de defesa do corpo (sistema imunológico) ataque erroneamente seus tecidos saudáveis e cause inflamação.
Os autores queriam comparar os benefícios e riscos do rituximabe com os de outros tratamentos para oftalmopatia associada à tireoide.
Eles procuraram estudos que comparassem o rituximabe com o tratamento placebo (simulado) ou tratamento com esteroides para oftalmopatia associada à tireoide. Compararam e resumiram os resultados desses estudos e avaliaram a confiança nas evidências, com base em fatores como métodos de estudo e tamanhos de grupos de participantes.
Foram encontrados dois estudos, realizados na Itália e nos EUA, envolvendo um total de 56 pessoas com oftalmopatia associada à tireoide. Todos os participantes do estudo tinham entre 18 e 80 anos (idade média de 55 anos) e 77% eram mulheres.
Um estudo (31 pessoas) comparou rituximabe intravenoso (2 x 1.000 mg infusões administradas com 2 semanas de intervalo ou uma única infusão de 500 mg) com metilprednisolona intravenosa (esteroide).
O outro estudo (25 pessoas) comparou rituximabe intravenoso (2 x 1.000 mg infusões administradas com 2 semanas de intervalo) com infusões intravenosas de placebo (simulado). Como os estudos compararam o rituximabe a diferentes tratamentos alternativos, não foi possível combinar os resultados dos estudos para analisá-los em conjunto.
As evidências sugerem que o rituximabe, comparado à metilprednisolona intravenosa, pode resultar em uma melhora na “atividade” da oftalmopatia associada à tireoide às 24 semanas após o tratamento, quando medida usando uma escala específica, mas a evidência de haver uma diferença real foi incerto.
Além disso, houve pouca ou nenhuma diferença quando a atividade da oftalmopatia associada à tireoide foi medida usando uma escala diferente. Não houve evidência de diferença nos seguintes resultados, medidos 24 semanas após o tratamento:
As evidências sugerem que o rituximabe, comparado ao placebo, resulta em pouca ou nenhuma diferença em qualquer um dos resultados descritos acima, medidos 24 semanas após o tratamento.
O número de eventos adversos foi maior para o rituximabe em comparação com a metilprednisolona intravenosa e o placebo, mas a evidência de haver uma diferença real era incerta.
Atualmente, não há evidências suficientes para apoiar o uso de RTX em pessoas com TAO. Estudos futuros investigando RTX em pessoas com TAO ativa podem precisar ser multicêntricos para recrutar participantes suficientes para fazer um julgamento adequado sobre a eficácia e segurança dessa nova terapia.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
“Rituximab for thyroid‐associated ophthalmopathy” – 2022
Autores do estudo: Kang S, Hamed Azzam S, Minakaran N, Ezra DG – Estudo
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