A constipação funcional é definida como constipação crônica sem causa subjacente identificável. É uma importante causa de morbidade em crianças, sendo responsável por até 25% das visitas a gastroenterologistas pediátricos.
As preparações probióticas podem alterar suficientemente o microbioma intestinal e promover a fisiologia intestinal normal de uma forma que ajuda a aliviar a constipação funcional. Vários estudos têm procurado abordar essa hipótese, bem como o papel dos probióticos em outros distúrbios intestinais funcionais. Portanto, é importante ter uma revisão focada para avaliar as evidências até o momento.
As crianças muitas vezes sofrem de constipação por longos períodos de tempo, e quando não há nenhuma causa física subjacente que pode ser encontrada, chamamos isso de ‘constipação funcional’.
Tem sido sugerido que as preparações probióticas e simbióticas podem ajudar a melhorar os sintomas nessas crianças. Os probióticos são preparações que contêm bactérias vivas que foram propostas como benéficas para o sistema digestivo. Os simbióticos também incluem substâncias alimentares que suportam o crescimento dessas bactérias.
Atualmente, não há consenso sobre se esse é o caso ou como essas preparações são melhor usadas.
A equipe procurou ensaios controlados randomizados (estudos nos quais os participantes são designados a um de dois ou mais grupos de tratamento usando um método aleatório) comparando qualquer tratamento probiótico ou simbiótico com qualquer outro tratamento (como tratamentos com placebo/placebo) em crianças com constipação crônica sem a explicação física.
Foram encontrados 14 ensaios, incluindo um total de 1.127 participantes com idade inferior a 18 anos. Os autores chegaram às seguintes conclusões.
Todas as análises foram limitadas devido a diferenças nos probióticos específicos ou nos tratamentos com os quais foram comparados, baixo número de crianças incluídas nos estudos e, mais importante, o uso de uma série de diferentes medidas de sucesso. Isso significava que a combinação de estudos era difícil, portanto, a capacidade geral da revisão para responder às suas perguntas centrais era limitada.
Não há evidências suficientes para concluir se os probióticos são eficazes no tratamento bem-sucedido da constipação crônica sem explicação física em crianças ou alterando a frequência de defecação, ou se há diferença nas retiradas devido a eventos adversos quando comparados ao placebo.
Há evidências limitadas de um estudo para sugerir que uma preparação simbiótica pode ser mais provável do que o placebo para levar ao sucesso do tratamento, sem diferença nas retiradas devido a eventos adversos.
Não há evidências suficientes para tirar conclusões de eficácia ou segurança sobre o uso de probióticos em combinação ou em comparação com qualquer uma das outras intervenções relatadas. A maioria dos estudos que apresentaram dados sobre eventos adversos graves relataram que nenhum evento ocorreu. Dois estudos não relataram esse resultado.
Estudos futuros são necessários para confirmar a eficácia, mas a comunidade de pesquisa requer orientação sobre o melhor contexto para os probióticos nesses estudos, considerando onde eles devem ser mais bem considerados em uma hierarquia de tratamento potencial e devem se alinhar com os conjuntos de resultados principais para apoiar a interpretação futura dos achados.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
“Probiotics for treatment of chronic constipation in children” – 2022
Autores do estudo: Wallace C, Sinopoulou V, Gordon M, Akobeng AK, Llanos-Chea A, Hungria G, Febo-Rodriguez L, Fifi A, Fernandez Valdes L, Langshaw A, Saps M – Estudo
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