Estudo analisa névoa cerebral em pacientes com hipotireoidismo

Quase metade de todos os pacientes com hipotireoidismo relataram experimentar “névoa cerebral”, mesmo antes de receber um diagnóstico, relatou um pesquisador.

Em uma pesquisa online com mais de 5.000 pessoas com hipotireoidismo, 905 (17,1%) disseram que experimentaram novos sintomas de névoa do cérebro nas semanas ou meses após seu diagnóstico inicial, de acordo com Matthew Ettleson, MD, da Universidade de Chicago.

Mas 46% de todos os pacientes questionados disseram que experimentaram sintomas de névoa do cérebro antes de receberem o diagnóstico de hipotireoidismo, explicou Ettleson em uma apresentação no encontro virtual da American Association of Clinical Endocrinology (AACE).

A grande maioria (82%) desses pacientes com sintomas de névoa do cérebro disse que os sentia com frequência ou o tempo todo.

Em relação à etiologia do hipotireoidismo, cerca de metade dos que relataram esses novos sintomas de névoa cerebral após o diagnóstico foram submetidos à cirurgia da tireoide e/ou terapia com iodo radioativo (radioiodo). Outro terço tinha doença de Hashimoto, e o último foi mais comum entre os pacientes que apresentaram névoa cerebral antes do diagnóstico de hipotireoidismo.

O principal sintoma relatado, independentemente da etiologia do hipotireoidismo, foi a fadiga, marcada por falta de energia ou sonolência. Outros sintomas de névoa cerebral relacionada ao hipotireoidismo incluem esquecimento, dificuldade em tomar decisões e confusão mental, bem como ansiedade e sintomas depressivos.

Não surpreendentemente, a maioria dos pacientes que experimentaram neblina cerebral com frequência ou o tempo todo disse que isso afetou negativamente sua qualidade de vida. A frequência de sintomas cognitivos de névoa cerebral tendeu a ser o fator mais fortemente correlacionado à insatisfação dos pacientes, de acordo com Ettleson e colegas.

Ao buscar alívio, mais da metade dos pacientes disse que descanso e relaxamento eram uma de suas estratégias essenciais para lidar com a névoa do cérebro.

Outros 11% dos entrevistados disseram que exercícios e tempo ao ar livre ajudaram a aliviar os sintomas. Alguns disseram que a modificação da dieta ajudou a melhorar os sintomas, enquanto o glúten e uma dieta rica em açúcar tendem a piorar os sintomas.

Quanto aos medicamentos com hormônio da tireoide, 14% disseram que um ajuste de sua medicação ajudou a aliviar um pouco a névoa do cérebro, enquanto outros 9% disseram que a liotironina ajudou. Digno de nota, mais pacientes disseram que a levotiroxina piorou sua névoa cerebral.

Os dados foram coletados por meio de uma pesquisa online para grupos de apoio ao hipotireoidismo e da American Thyroid Association.

Detalhes do estudo

A pesquisa incluiu 11 itens com perguntas sobre a etiologia do hipotireoidismo, idade, sexo, frequência de sintomas de névoa do cérebro, tipo de sintomas e início dos sintomas, bem como perguntas abertas sobre o que melhora ou piora os sintomas e uma explicação das experiências dos pacientes.

A maioria dos entrevistados era do sexo feminino, com idade média de cerca de 49 anos.

“Minha maior lição em termos de prática é que, para muitos desses pacientes, pode honestamente não ter nada a ver com sua tireoide”, disse Ettleson. “Vimos uma grande parte de pacientes que disseram ter sintomas bem antes de serem diagnosticados com hipotireoidismo, e ainda muitos desses pacientes associaram esses sintomas de névoa cerebral à tireoide. Acho que é meio que imperativo para o médico pelo menos se envolver nessas conversas e não apenas parar quando vermos que os testes de função da tireoide estão normais.”

Dadas as descobertas do estudo, os médicos devem considerar a discussão de mudanças no estilo de vida com os pacientes, junto com o ajuste do hormônio tireoidiano, acrescentou.

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O estudo original foi publicado no American Association of Clinical Endocrinology

* “Seeing through the fog: characterizing “brain fog” in those treated for hypothyroidism” – 2021

Autores do estudo: Ettleson M, et al – Estudo