A maioria dos casos de COVID-19 é assintomática ou resulta apenas em doença leve. No entanto, em uma porcentagem considerável de pacientes, a doença pode avançar e requerer cuidados hospitalares.
Além disso há o risco de infecções que podem progredir para um quadro mais crítico com insuficiência respiratória hipoxêmica que necessita de suporte ventilatório prolongado.
Entre os pacientes com COVID-19 que foram admitidos em hospitais do Reino Unido, a taxa de mortalidade dos casos foi de aproximadamente de 26%, uma porcentagem que aumentou para mais de 37% entre pessoas submetidas à ventilação mecânica invasiva.
As características fisiopatológicas do COVID-19 grave são dominadas por um processo pneumônico agudo com extensa opacidade radiológica e, na autópsia, dano alveolar difuso, infiltrados inflamatórios e trombose microvascular.
Em outras pneumonias virais graves, como influenza aviária altamente patogênica, influenza pandêmica e sazonal, acredita-se que a resposta imune do hospedeiro desempenhe um papel fundamental nos efeitos fisiopatológicos da falência de órgãos. A lesão inflamatória de órgãos pode ocorrer em COVID-19 grave, com um subgrupo de pacientes com níveis elevados de marcadores inflamatórios, incluindo proteína C reativa, ferritina, interleucina-1 e interleucina-6.
Várias intervenções terapêuticas foram propostas para mitigar a lesão inflamatória de órgãos na pneumonia viral, mas a eficácia dos glicocorticoides tem sido amplamente debatida.
Embora um pequeno estudo tenha relatado melhores resultados clínicos em pacientes com COVID-19 que receberam metilprednisolona, a ausência de evidências confiáveis de ensaios clínicos randomizados em larga escala significa que há incerteza sobre o funcionamento dos glicocorticoides em pacientes com COVID-19.
Muitas diretrizes para o tratamento de pacientes hospitalizados pela doença afirmaram que os glicocorticoides eram contra-indicados ou não recomendados, porém na China eles foram indicados para casos graves.
O estudo está sendo coordenado pelo Nuffield Department of Population Health, na Universidade de Oxford, que é o patrocinador principal da pesquisa.
Embora a randomização dos pacientes para receber dexametasona, hidroxicloroquina ou lopinavir-ritonavir tenha sido interrompida, o estudo continua para grupos que recebem azitromicina, tocilizumabe ou plasma convalescente.
Os pacientes hospitalizados elegíveis eram os que tinham suspeita clínica ou infecção laboratorial confirmada por SARS-Cov-2 e nenhum histórico médico que pudesse, na opinião do médico assistente, colocar os pacientes em risco substancial. Inicialmente o recrutamento era limitado a pessoas com pelo menos 18 anos de idade, mas o limite foi removido a partir de 9 de maio de 2020. As mulheres grávidas ou lactantes também eram elegíveis.
A versão inicial do manuscrito foi redigida pelos primeiros e últimos autores, sendo desenvolvida pelo comitê de redação e aprovada por todos os membros do comitê de direção do estudo. Os financiadores da pesquisa não tiveram nenhum papel na análise dos dados, na preparação ou aprovação do estudo escrito ou na decisão de enviá-lo para publicação.
O primeiro e o último membro do comitê citado anteriormente atestaram a integridade e precisão dos dados apresentados, assim como a fidelidade do estudo e protocolo e plano da análise estatística das evidências.
O estudo fornece evidências de que o tratamento com a dexametasona na dose de 6 mg diariamente por 10 dias reduz a mortalidade em 28 dias para pacientes com COVID-19 que estão recebendo suporte respiratório. Não foi encontrado nenhum benefício (e possibilidade de dano) entre as pessoas que não precisavam de oxigênio.
Antes da conclusão da pesquisa, muitas diretrizes de tratamento do COVID-19 declararam que o uso de glicocorticoides era contra-indicado ou não recomendado.
A dexametasona está na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde e está disponível em todo o mundo a baixo custo. Os critérios estabelecidos pelos chefes médicos do Reino Unido e pelo Instituto Nacional de Saúde nos Estados Unidos já foram atualizados para recomendar o uso de glicocorticoides em pacientes hospitalizados com COVID-19.
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O estudo original foi publicado no The New England Journal of Medicine
* “Dexamethasone in Hospitalized Patients with Covid-19 — Preliminary Report” – 2020
Autores do estudo: Peter Horby, Wei Shen Lim, Jonathan R. Emberson, Marion Mafham, Jennifer L. Bell, Louise Linsell, Natalie Staplin, Christopher Brightling, Andrew Ustianowski, Einas Elmahi, Benjamin Prudon, Christopher Green, Timothy Felton, David Chadwick, Kanchan Rege, Christopher Fegan, Lucy C. Chappell, Saul N. Faust, Thomas Jaki, Katie Jeffery, Alan Montgomery, Kathryn Rowan, Edmund Juszczak, J. Kenneth Baillie, Richard Haynes, Martin J. Landray – 10.1056/NEJMoa2021436
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