A fibrilação atrial (FA) é um distúrbio comum do ritmo cardíaco, no qual as câmaras superiores do coração (os átrios) batem rápida e irregularmente. A FA geralmente causa sintomas recorrentes, como palpitações e falta de ar, o que pode afetar negativamente a qualidade de vida.
A fibrilação também aumenta substancialmente o risco de derrame e está associada com a insuficiência cardíaca, pressão alta e diabetes. Pessoas com FA requerem rotineiramente tratamento ao longo da vida com anticoagulantes, para evitar coágulos sanguíneos que podem levar a derrames.
Os médicos estão finalmente entendendo a importância dos fatores do estilo de vida no tratamento da FA. Os hábitos diários são muito importantes e pouco reconhecidos, tanto que a American Heart Association (AHA) divulgou recentemente um estudo científico que resumiu as pesquisas mais recentes sobre o assunto.
A AHA deseja que o especialistas e pacientes compreendam a relação entre o estilo de vida e a FA, trabalhando em equipe para colocar em prática uma rotina mais saudável.
Um dos fatores mais fortes associados ao FA é o peso corporal. A obesidade demonstrou em vários estudos estar ligada ao desenvolvimento de FA. Ela está associada a alterações na sinalização elétrica dentro dos átrios, bem como alterações estruturais nas câmaras superiores do coração.
Comer demais também pode causar inflamação através de alterações nas vias hormonais e de sinalização celular nos átrios. Vários estudos demonstraram que, a medida que se ganha peso, a gordura é depositada no coração (assim como em outros locais do corpo), e isso pode desencadear arritmias, mais comumente a FA.
A obesidade também pode ser uma causa de hipertensão (pressão alta) nova ou agravada, que promove outras mudanças estruturais no coração. Além disso ela pode causar apneia obstrutiva do sono e diabetes, os quais aumentam independentemente o risco de FA.
A boa notícia é que para as pessoas com sobrepeso ou obesidade, apenas uma redução de 10% no peso parece melhorar os sintomas relacionados com a fibrilação atrial.
Durante décadas, os cardiologistas incentivaram as pessoas a se exercitarem porque o exercício reduz o risco de morte por causas cardiovasculares. Não apenas o exercício é bom, mas a inatividade física é realmente prejudicial, um estilo de vida sedentário contribui para a FA e pode realmente ser um preditor independente dessa condição.
A AHA recomenda 150 minutos por semana de exercícios aeróbicos de intensidade moderada ou 75 minutos por semana de exercícios aeróbicos de intensidade vigorosa para melhorar a saúde cardiovascular. O exercício regular ajuda a prevenir a fibrilação atrial e se a pessoa já a possui, ele reduz os sintomas e melhora a qualidade de vida.
Uma caminhada rápida é uma ótima forma de exercício moderado e permite distanciamento físico. É importante começar com 20 minutos por dia e aumentar gradualmente o ritmo e a duração para atingir pelo menos 150 minutos por semana de atividade de intensidade moderada.
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio em que as pessoas param de respirar por curtos períodos enquanto dormem. É a forma mais comum de respiração com distúrbios do sono e está fortemente associada a doenças cardiovasculares. Também existe uma prevalência muito alta de AOS em pessoas com FA.
Os cardiologistas agora examinam rotineiramente pessoas com sintomas recorrentes de FA para AOS. O tratamento da AOS com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) parece melhorar os sintomas de fibrilação atrial.
O álcool é um fator de risco conhecido para fibrilação atrial. Um estudo recente no New England Journal of Medicine encontrou menos FA quando os pacientes diminuíram ou se abstiveram de álcool.
Se o paciente apresenta o problema o ideal é reduzir ou até mesmo cortar o álcool. É importante o diálogo com o médico para que haja um consenso que beneficie principalmente a saúde.
O risco de FA é maior em pacientes com diabetes tipo 2. Embora o mecanismo não seja bem compreendido, é provável que açúcares elevados no sangue danifiquem diretamente o coração e promovam alterações estruturais, elétricas e autonômicas no tecido cardíaco.
A boa notícia é que um melhor controle do açúcar no sangue melhora a gravidade e a frequência dos sintomas de FA. Mudanças no estilo de vida que promovem exercícios e limitam a inatividade também podem ajudar na perda de peso e no controle do açúcar no sangue.
Alterações na dieta podem se traduzir em perda de peso, mas também ajudam a controlar o açúcar no sangue caso haja risco de diabetes.
Mudar a alimentação pode ser desafiador, mas comer menos alimentos processados e mais frutas e legumes frescos é um bom ponto de partida.
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O estudo original foi publicado no American Heart Association (AHA)
* “Lifestyle and Risk Factor Modification for Reduction of Atrial Fibrillation: A Scientific Statement From the American Heart Association” – 2020
Autores do estudo: Mina K Chung, Lee L Eckhardt, Lin Y Chen, Haitham M Ahmed, Rakesh Gopinathannair, José A Joglar, Peter A Noseworthy, Quinn R Pack, Prashanthan Sanders, Kevin M Trulock – 10.1161/cir.0000000000000748
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