Com o avanço da doença Varíola dos Macacos pelo mundo e também pelo Brasil, além do manejo dos pacientes é importante que o profissional tenha postura preventiva para com a própria saúde. Desde os primeiros casos, o Ministério da Saúde e a Anvisa, bem como as autoridades de saúde de cada Estado, têm divulgado notas técnicas e informes a fim de trazer à tona orientações importantes para os profissionais de saúde.
Apesar de o grau de contaminação médico-paciente ainda ser considerado baixo, boas práticas de prevenção são sempre bem-vindas.
Até a presente data, o número de casos confirmados ao redor do mundo ultrapassa a marca de 11 mil, sendo que os casos confirmados da doença se distribuem por 65 países.
No Brasil, o número de casos é de 228*. Apesar de parecer bastante expressivo, as autoridades em saúde no país tranquilizam a população, uma vez que a doença não tem taxa de transmissão facilitada como a Sars-Cov que se dá por aerossóis.
A Varíola dos Macacos é uma doença rara causada pela infecção com o vírus monkeypox. O vírus Monkeypox faz parte da mesma família do vírus que causa a varíola. Os sintomas da varíola são semelhantes mas são mais leves, e a varíola raramente é fatal. Lembrando que Monkeypox não está relacionado com varíola.
Monkeypox foi descoberto em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa. Apesar de ser chamado de “macaco”, a origem da doença permanece desconhecida. No entanto, roedores africanos e primatas não humanos (como macacos) podem abrigar o vírus e infectar pessoas.
O primeiro caso humano de varíola dos macacos foi registrado em 1970. Antes do surto de 2022, a varíola dos macacos havia sido relatada em pessoas em vários países da África Central e Ocidental. Anteriormente, quase todos os casos de varíola em pessoas fora da África estavam ligados a viagens internacionais para países onde a doença geralmente ocorre ou por meio de animais importados. Esses casos ocorreram em vários continentes.
As orientações para prevenção da Monkeypox para os profissionais da saúde são similares às preconizadas pela OMS e autoridades em saúde às pessoas no geral. Todos devem tomar medidas para se proteger da varíola dos macacos .
As orientações gerais para evitar a varíola dos macacos são:
Uma pessoa que está doente com varíola deve se isolar em casa. Se eles tiverem uma erupção cutânea ativa ou outros sintomas, eles devem estar em uma sala ou área separada de outros membros da família e animais de estimação, quando possível. As pessoas que podem estar em maior risco incluem, mas não se limitam àquelas que:
No cenário ambulatorial, existe o risco (atualmente ainda bastante baixo) de que pacientes com a doença infectem outros pacientes ou profissionais. Para evitar isso, a Anvisa recomenda medidas administrativas.
Se os profissionais identificarem pacientes com quadro clínico sugestivo de varíola símia na admissão do ambulatório ou via contato telefônico, os pacientes devem ser isolados. Para isso, salas de espera e consultórios com superfícies de fácil desinfecção por lenços umedecidos antissépticos são adequadas. Mesmo que se trate apenas de casos suspeitos, todos os profissionais devem usar luvas descartáveis e máscaras cobrindo boca e nariz, o que virou um padrão durante a covid-19.
Além disso, a Anvisa também orienta:
Há necessidade do isolamento dos pacientes no ambiente hospitalar pelo alto risco de infecção nosocomial. Mesmo sendo um vírus de um clado menos patogênico, em pacientes imunossuprimidos o quadro pode se tornar muito grave. Devido a ser um vírus exótico no Brasil os pacientes não hospitalizados também devem ficar em isolamento.
Sempre que for prestado o atendimento ao paciente, médico e enfermeiros devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas descartáveis, máscara cobrindo boca e nariz (quando houver contato direto, deve-se utilizar no mínimo uma máscara PFF2) e óculos de proteção.
Não existem produtos saneantes específicos para este tipo de vírus. Portanto, orienta-se que seja mantida a rotina tradicional, utilizando-se produtos aprovados pela Anvisa.
Tais medidas são importantes para todas as superfícies próximas aos pacientes, como mesas de cabeceira, zonas úmidas e maçanetas. No processamento de roupas como toalhas ou roupa de cama, existe o perigo de que fômites sejam agitados e espalhados. As roupas devem ser recolhidas e transportadas em sacos selados para a unidade de processamento de roupas.
Os resíduos devem ser tratados como do grupo de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade) devendo estar acondicionados em sacos apropriados, da cor vermelha.
Estágio da Doença | Transmissibilidade | Monitoramento ou isolamento de sintomas? |
Período de incubação | Não contagioso | Monitorar os sintomas |
Pródromo | Possivelmente contagioso | Isolar (em casa ou em uma unidade de saúde, conforme indicação clínica) |
Irritação na pele | Transmissível* | Isolar (em casa ou em uma unidade de saúde, conforme indicação clínica) |
*Uma pessoa é contagiosa até que todas as crostas da pele tenham caído e uma nova camada de pele intacta tenha se formado.
O último caso documentado de varíola natural (endêmica) foi em 1977. Um único caso confirmado de varíola hoje poderia ser o resultado de um ato intencional (bioterrorismo) e seria considerado uma emergência global de saúde pública.
Infecções com vírus semelhantes a vaccinia selvagem foram relatadas entre criadores de gado e búfalos na Índia e entre trabalhadores de laticínios no sul do Brasil e na Colômbia. Viajantes que tocam em bovinos afetados podem adquirir uma infecção cutânea localizada. Pessoas imunossuprimidas ou com certas condições de pele correm um risco aumentado de desenvolver doenças sistêmicas ao lidar com animais infectados.
Monkeypox é endémico das regiões florestais tropicais da África Ocidental e Central, nomeadamente a Bacia do Congo. Refugiados e imigrantes que saem da República Democrática do Congo podem estar infectados com o vírus da varíola dos macacos, mas os relatos disso são raros. A literatura recente documenta a presença desta doença em outros países (Camarões, República Centro-Africana, Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo e Serra Leoa). Viajantes de curto prazo para áreas endêmicas de varíola dos macacos geralmente não estariam em risco de infecção. Em 2018, no entanto, tanto o Reino Unido quanto Israel relataram casos importados da doença em viajantes que voltavam para casa após visitas à Nigéria. Roedores importados da África Ocidental foram a fonte de um surto de varíola humana nos Estados Unidos em 2003.
Atualmente, não há tratamento específico recomendado para a varíola dos macacos. A vacinação prévia contra a varíola na infância pode resultar em um curso mais leve da doença. No entanto, atualmente no Brasil e em outros lugares do mundo, as vacinas originais contra a varíola não estão mais disponíveis para o público em geral. Uma vacina mais recente à base de vaccínia vírus foi aprovada para a prevenção da varíola e da varíola dos macacos em 2019 nos Estados Unidos mas, também, ainda não está amplamente disponível.
Não há, até o momento, produto comercial regularizado para fins de diagnóstico do vírus da varíola de macaco.
A Anvisa também não recebeu nenhuma solicitação de registro de produto para esta finalidade.
Atualmente o diagnóstico laboratorial do vírus pode ser feito por meio de ensaios moleculares que utilizam protocolos validados em duas etapas. Isto é possível graças a divulgação do sequenciamento genético do vírus, o que permite que laboratórios desenvolvam metodologias próprias de identificação. Estes testes por metodologias internas são conhecidos com teste in house.
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