O cateterismo cardíaco pediátrico pode ser realizado com baixos níveis de exposição à radiação usando o protocolo de um centro: “tão baixo quanto razoavelmente possível” (as low as reasonably achievable [ALARA]), relataram os pesquisadores.
A estratégia empregada por Lisa Goto, MD, e colegas do Children’s Hospital at Montefiore na cidade de Nova York, resultou em níveis de radiação favoráveis em 95 cateterizações em 77 crianças pesando 20-40 kg (aproximadamente 44-88 lbs):
Com base nesses achados, a exposição à radiação durante o cateterismo cardíaco com ALARA parece se comparar favoravelmente com os valores publicados, pois Goto citou relatórios anteriores de Kerma no ar atingindo 370-400 mGy e DAPs excedendo 2.000 µGym2 em pacientes semelhantes. Ela apresentou o resumo do seu grupo no encontro virtual da Society for Cardiovascular Angiography and Interventions (SCAI).
“Dadas as evidências epidemiológicas que já temos, que sugerem fortemente um risco aumentado de câncer devido à exposição de crianças à radiação ionizante médica, essas descobertas são potencialmente importantes”, comentou Andrew Einstein, MD, PhD, do Centro Médico Irving da Universidade de Columbia, na cidade de Nova York.
“No entanto, embora essas descobertas sejam encorajadoras em termos de baixas doses de radiação, complicações menores foram observadas na pequena amostra e o estudo não foi randomizado e, na verdade, nem incluiu um grupo de controle histórico”, alertou.
Goto afirmou que o ALARA não alterou a qualidade da imagem e as taxas de complicações do atendimento padrão. No entanto, ela relatou três complicações menores que foram autolimitadas: um ritmo juncional acelerado, dois balões quebrados com colocação de stent e uma hemoptise.
O estudo incluiu crianças (idade mediana de 9 anos, peso médio de 60,6 libras) que foram submetidas a cateterismo cardíaco no centro de Goto em 2015-2020. Foram excluídos pacientes transplantados que tiveram biópsia endomiocárdica de rotina ou biópsia com angiografia coronária.
As intervenções realizadas com mais frequência nesses pacientes foram o fechamento do dispositivo de comunicação interatrial, dilatação da artéria pulmonar e fechamento do canal arterial patente.
Os pesquisadores usaram o protocolo ALARA que consiste em taxas de quadros ultrabaixas (2-3 quadros por segundo) e baixa dose de fluoroscopia (10-18 nGy/quadro), além da técnica de entreferro (ou seja, remoção da grade anti-dispersão, com o detector de tela plana colocado a 110 cm do paciente).
“O ALARA é especialmente importante em pediatria, onde os pacientes são mais radiossensíveis com taxas mais altas de mitose em comparação com os adultos”, disse Goto, enfatizando que as crianças tendem a ser menores e com maior expectativa de vida. Pacientes com doença cardíaca congênita em particular podem se beneficiar, já que são submetidos a cateterismos múltiplos e têm um risco maior de exposição à radiação por ano ao longo da vida, ela acrescentou.
“Embora o estudo de Goto e Sutton demonstre ser promissor para a técnica de entreferro, esta técnica ainda não pode ser considerada definitiva, mas justifica uma investigação mais aprofundada”, concluiu Einstein.
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O estudo original foi publicado no Society for Cardiovascular Angiography and Interventions
* “Radiation dosing during pediatric cardiac catheterization using the air gap technique and an aggressive As Low As Reasonably Achievable radiation reduction protocol in patients weighing 20-40 kg” – 2021
Autores do estudo: Goto L, Sutton NJ – Estudo
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