Pediatria

Abuso de substâncias é comum em pessoas com espectro do autismo

Um estudo taiwanês observou que os problemas de abuso de substâncias foram mais comuns em pessoas com transtorno do espectro do autismo (TEA), comparado aos controles pareados por sexo e idade.

Uma avaliação retrospectiva que contou com 6.600 participantes percebeu que aqueles com autismo tinham um risco substancialmente maior de transtorno de uso de substâncias (TUS) do que aqueles sem autismo, disse Chih-Sung Liang, MD, do Centro Médico da Defesa Nacional em Taipei, e colegas.

De acordo com o que foi exposto em seu estudo online no JAMA Pediatrics, o risco foi estimulado principalmente por uma ameaça três vezes maior de transtorno por uso de drogas, seguido por uma ameaça duas vezes maior de transtorno por uso de álcool.

Além disso, as pessoas com autismo e transtorno de uso de substâncias comórbidos possuíam um perigo três vezes maior de mortalidade durante um período médio de acompanhamento de 8,1 anos.

Curiosamente, os pesquisadores afirmaram que as pessoas que faziam uso agentes psicotrópicos para o tratamento do autismo tinham uma redução no risco de desenvolver TUS. Os que receberam um agente observaram um risco menor de 40% para TUS, enquanto aqueles que tomaram vários agentes tiveram um risco menor de 63%. E aqueles em diversos agentes com uma dose diária estabelecida cumulativa além de 365 notaram o risco reduzido de desenvolver TUS.

“Em outras palavras, o risco de TUS pode ser reduzido se os pacientes com TEA mantiverem uma condição estável”, relataram os autores do grupo de Liang. “Este achado deve lembrar os psiquiatras e as famílias dos pacientes com TEA da importância do tratamento do TEA”.

A equipe destacou que pesquisas futuras podem ter como foco entender se existe uma diminuição de risco parecido com não farmacoterapias para o autismo, como terapia comportamental, terapia familiar ou psicoterapia.

Características do estudo

Com base em informações Banco de Dados de Pesquisa de Seguros de Saúde de Taiwan, a equipe investigou 6.599 pacientes com TEA que passaram por menos de três consultas ambulatoriais no período de um ano por autismo sintomático, de acordo com o que é definido pelos códigos ICD-9, entre os anos de 2000 e 2015.

O grupo contou com um total de 77% de pacientes do sexo masculino, apresentando uma idade média de 12 anos, que foram comparados com 26.296 controles não TEA com registros vindos do anco de Dados de Seguro de Saúde Longitudinal de Taiwan. Casos e controles mostravam níveis de escolaridade e renda parecidos, em média.

Inúmeras comorbidades psiquiátricas foram mais frequentes entre as pessoas com TEA, abrangendo deficiência ntelectual, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de tiques, epilepsia, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do humor, transtorno de ansiedade e transtorno do controle de impulsos.

No entanto, indivíduos com autismo ainda apresentavam um risco elevado de TUS comparados aos controles compatíveis com as mesmas comorbidades.

O perigo de abuso de substâncias também foi elevado entre as pessoas com autismo e certas comorbidades psiquiátricas específicas. Os que não utilizaram nenhum agente psicotrópico para autismo com transtorno de tique comórbido perceberam riscos elevados de TUS.

Os indivíduos com transtorno de controle de impulso comórbido tinham riscos cinco vezes maiores transtornos por abuso de álcool e drogas.

Definindo essas “descobertas críticas”, autores de um editorial anexo enfatizaram que, embora o estudo adicione um “corpo notável de evidências aos estudos limitados” sobre essa associação, os resultados podem ser limitados por conta da utilização do “termo guarda-chuva” do uso de excessivo de substâncias.

Portanto, seria benéfico elucidar ainda mais o tipo específico de abuso de drogas observado entre pacientes com autismo em estudos futuros, afirmou Sarah Ann Anderson, MD, PhD, e Marina Catallozzi, MD, MSCE, ambas da Universidade de Columbia na cidade de Nova York.

Contudo, os editorialistas destacam a importância da triagem para TUS entre esses pacientes, e isso deve ser considerado “um chamada à ação” para os profissionais de saúde e mais especificamente os pediatras, que são na maioria das vezes os responsáveis por tratar apacientes com TEA.

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O estudo original foi publicado no JAMA Pediatrics

* “Risk of Substance Use Disorder and Its Associations With Comorbidities and Psychotropic Agents in Patients With Autism” – 2021

Autores do estudo: Jing-Syuan Huang, Fu-Chi Yang, Wu-Chien Chien, Ta-Chuan Yeh, Chi-Hsiang Chung, Chia-Kuang Tsai, Shih-Jen Tsai, Sung-Sen Yang, Nian-Shen Tzeng, Mu-Hong Chen, Chih-Sung Liang – 10.1001/jamapediatrics.2020.5371

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