A doença de Crohn é um distúrbio inflamatório crônico que pode afetar qualquer segmento do trato gastrointestinal. Os sintomas incluem dor abdominal, diarreia não sanguinolenta e perda de peso. A doença é caracterizada por períodos de recaída clínica quando as pessoas experimentam sintomas e períodos de remissão clínica quando os indícios cessam.
Apesar das terapias disponíveis, cerca de metade dos pacientes necessitam de cirurgia e ressecção do segmento afetado dentro de 10 anos após o diagnóstico. Esta cirurgia é altamente eficaz, no entanto, a maioria exige uma segunda cirurgia após 10 anos.
A colonoscopia é um procedimento pelo qual um médico insere um tubo de visualização (colonoscópio) no reto com o objetivo de inspecionar o cólon.
A maioria dos pacientes que apresentam recidiva clínica de doença de Crohn apresenta inflamação da mucosa intestinal semanas ou meses antes de iniciar os sintomas.
Essa inflamação assintomática pode ser detectada por colonoscopia e geralmente é chamada de recorrência endoscópica. Os pesquisadores investigaram se o início ou a intensificação da terapia profilática guiada pela detecção da recorrência endoscópica podem melhorar o prognóstico da doença de Crohn pós-operatória.
Quais são os problemas relacionados ao início da terapia profilática em pacientes assintomáticos?
Os medicamentos geralmente utilizados como terapia profilática para tratar a doença são os 5-aminosalicilatos, antibióticos, tiopurinas, metotrexato e/ou anticorpos anti-fator de necrose tumoral (anti-TNFα).
Os principais problemas relacionados a esses medicamentos são custos e efeitos adversos. As reações mais frequentes são alopecia, intolerância gastrointestinal, infecções, sintomas sensoriais, lúpus, vasculite, leucopenia, pancreatite, lesões na pele e menos frequentemente câncer de pele e hematológico.
Uma revisão sistemática da literatura atual foi realizada para avaliar a eficácia da terapia profilática guiada pela colonoscopia na redução da recorrência pós-operatória da doença de Crohn. Foi feita uma busca eletrônica em várias bases de dados e os estudos que atenderam aos critérios de inclusão foram selecionados para avaliação posterior.
Os pesquisadores identificaram três estratégias de tratamento da doença de Crohn após a cirurgia: terapia profilática guiada por sintomas clínicos, terapia profilática guiada por colonoscopia e tratamento completo imediatamente após a cirurgia
Cinco estudos compararam terapia profilática guiada por colonoscopia versus terapia profilática guiada por sintomas clínicos. Nestas pesquisas, todos os pacientes receberam a mesma terapia profilática imediatamente após a cirurgia. No grupo de gerenciamento baseado na colonoscopia, a terapia foi intensificada no caso de inflamação da mucosa assintomática e no grupo controle, a terapia foi intensificada apenas no caso de sintomas clínicos.
De acordo com esses estudos, a intensificação da terapia guiada por colonoscopia pode reduzir a recorrência clínica pós-operatória e a recorrência endoscópica quando comparada à intensificação guiada por sintomas.
Os dados do estudo com a mais alta qualidade metodológica mostraram que 378 pacientes no grupo de tratamento guiado por colonoscopia experimentam recorrência clínica em comparação com 462 pacientes no grupo em que o tratamento foi guiado por sintomas (assumindo 18 meses de acompanhamento e uma população de 1.000), os pacientes foram submetidos à ressecção intestinal por doença de Crohn em cada grupo.
Aos 18 meses, o benefício é maior em termos de recorrência endoscópica, que é um bom preditor de recorrência clínica. Estudos de menor qualidade metodológica, mas com acompanhamento mais longo, também apoiaram o benefício.
Além disso, pode haver pouca ou nenhuma diferença no risco de eventos adversos no tratamento guiado por colonoscopia em comparação à intensificação guiada por sintomas. Não há certeza se a intensificação da terapia profilática guiada por colonoscopia em comparação com a terapia guiada por sintomas afeta a recorrência cirúrgica, pois a certeza da evidência é muito baixa.
Três estudos compararam terapia profilática guiada por colonoscopia versus tratamento completo imediatamente após a cirurgia. No grupo de controle baseado na colonoscopia, a terapia foi adiada até a detecção de inflamação da mucosa assintomática, enquanto no outro grupo os medicamentos foram iniciados imediatamente após a cirurgia. Infelizmente, esses estudos tiveram muitas limitações, portanto, a certeza das evidências foi colocada como muito baixa.
Considerando isso, não existe certeza do efeito do início da terapia guiada pela colonoscopia na recorrência pós-operatória e nos efeitos adversos quando comparados à terapia após a cirurgia.
A intensificação da terapia profilática guiada pela colonoscopia pode reduzir a recorrência clínica e endoscópica pós-operatória da doença de Crohn em comparação com a intensificação guiada pelos sintomas, e pode haver pouca ou nenhuma diferença nos efeitos adversos.
Os autores não podem afirmar com certeza se o início da terapia guiada por colonoscopia afeta a recorrência pós-operatória e os eventos adversos quando comparados ao início imediato após a cirurgia, pois a certeza das evidências é muito baixa. Mais estudos são necessários para melhorar a certeza das evidências da revisão.
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O estudo original foi publicado na Cochrane Library
* “Colonoscopy‐guided therapy for the prevention of post‐operative recurrence of Crohn’s disease” – 2020
Autores do estudo: Roberto Candia, Gonzalo A Bravo-Soto, Hugo Monrroy, Cristian Hernandez, Geoffrey C Nguyen – 10.1002/14651858.CD012328.pub2
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